Odemira. Contentores com condições de acolhimento

A situação dos migrantes em Odemira continua sob holofotes, mas, apesar das condições precárias em que algum vivem, o Nascer do SOL teve acesso a imagens que mostram cenário distinto. CAP diz que esta é a regra.

Ginásios, refeitórios condignos e espaços de lazer. É este o retrato de alguns contentores para os trabalhadores migrantes em Odemira de alguns dos associados da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), segundo as imagens a que o Nascer do SOL teve acesso.

Luís Mira, secretário-geral da confederação, já tinha garantido, em entrevista ao i, que havia contentores «com ginásio, com duas pessoas por cada contentor e com ar condicionado», acrescentando que «não dormem assim nem no Nepal, nem no Bangladesh». E deu como exemplo de contraponto as obras que estão a ser feitas na ponte da nova ferrovia, em que os contentores não apresentam essas condições. 

No entender do responsável, os empresários agrícolas não devem ter a responsabilidade de saber onde dormem os seus trabalhadores. «Os empresários não têm responsabilidade nisso. O Estado que fiscalize», afirmou o dirigente associativo, acrescentando que «um emigrante quando vai trabalhar para um país não quer descansar à sexta, sábado e ao domingo. Quer trabalhar ao máximo porque o foco dele é ganhar o mais que conseguir». E a mesma receita aplica-se ao pagamento de uma casa.

Uma questão que ganha maior revelo depois de o Governo ter chegado a acordo para pagar 100 euros por dia pela cedência temporária das unidades do Zmar Eco Experience até 30 de junho, com a possibilidade de prolongamento.

Trata-se de um recuo face ao que tinha sido anunciado pelo Governo no final de abril e que assentava na requisição civil do empreendimento tendo em vista o alojamento de trabalhadores do setor agrícola que viviam em condições de habitação precárias, o que dificultou a resolução da crise sanitária de covid-19 no concelho. Uma decisão que criou revolta dos proprietários de casas particulares no empreendimento, que acabaram por recorrer à justiça para travar o Governo. 

Aquela solução agradou a esses proprietários. «Achamos que é um acordo e um protocolo sensato, que vem corrigir eventuais desajustes do passado e decisões erradas do passado. podemos dizer que isto é uma vitória de todos, até do Governo, porque imperou a sensatez», disse Nuno Silva Vieira, advogado que representa 114 dos 160 proprietários de casas particulares no complexo turístico.

Ainda esta quinta-feira, o porta-voz do PAN acusou a ministra da Agricultura de ser «uma marioneta» da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e o do Ambiente de «assobiar para o ar» sobre Odemira, defendendo a demissão dos dois. Para o líder cessante, isso acontece à «custa da exploração não só dos recursos ambientais como das pessoas», referiu André Silva.

Veja as imagens cedidas ao Nascer do Sol na fotogaleria