Ordem dos Médicos defende alterações na matriz de risco e vacinação de jovens

Além de mais critérios para avaliar a situação, o Gabinete de Crise para a COVID-19 da OM pede controlo rigoroso à entrada de todos os viajantes com estadia em locais de risco para novas variantes e programação da vacinação de crianças e adolescentes antes do início do próximo ano letivo.

A Ordem dos Médicos defende mais alterações à matriz de risco usada para monitorizar a situação epidemiológica e definir que concelhos avançam ou não no desconfinamento e um conjunto de medidas para os próximos meses, recomendando a programação da vacinação da população com menos de 18 anos para antes do início do próximo ano letivo e realização periódica de rastreios populacionais centrados em quem ainda não fez a vacina.

Num conjunto de recomendações divulgado esta segunda-feira, o gabinete de crise da Ordem dos Médicos manifesta apreensão pelas mudanças anunciadas pelo Governo na matriz de risco, nomeadamente a inclusão de critérios de densidade, a exclusão do indicador de transmissibilidade (Rt) e a manutenção da ausência de critérios de gravidade. Recorde-se que no conselho de ministros da semana passada, o Governo manteve os patamares de 120 e 240 casos por 100 mil habitantes, que no caso dos concelhos com menos população, um terço do país e quase todos os concelhos do interior, terão como referência o dobro destes valores, não tendo sido anunciado pelo Governo quais as linhas de corte para os concelhos incluídos nesta regra. 

Para a Ordem dos Médicos, "a definição de concelhos de baixa densidade baseia-se em critérios de coesão territorial insuficientemente caracterizados e sem implicações de saúde pública", recusando também que seja apenas utilizado este indicador para fundamentar as medidas de desconfinamento, que nas próximas etapas vão significar horários mais alargados e aumento da lotação de espaços públicos.

Os médicos propõem que, além do indicador da incidência, seja tida em conta "a taxa de positividade dos testes (e.g., à semelhança do European Centre for Disease Prevention and Control), de critérios de gravidade (e.g., número de internamentos em enfermaria e UCI, evolução temporal e óbitos), de cobertura vacinal (e.g., taxa por grupo etário, 1ª toma e esquema completo) e do impacto da circulação das novas variantes (e.g., percentagem no total e pesquisa de variantes em todas as formas graves e nos indivíduos infetados previamente vacinados)".

O gabinete de crise da Ordem dos Médicos defende ainda o controlo rigoroso (e.g., testagem e quarentena) à entrada de todos os viajantes com estadia em locais de risco para as novas variantes; incentivo à testagem, em particular, a todos os sintomáticos (incluindo crianças e jovens) e deixam um apelo ao Governo para que "aproveite" a presidência europeia para definir critérios uniformes de desconfinamento na União Europeia, nomeadamente a implementação com a maior celeridade do passaporte vacinal a aplicar, igualmente, aos residentes em território nacional.