Israel. Os “novos dias” do governo e Naftali Bennett

Depois do mandato de 12 anos do ex-primeiro ministro Benjamin Netanyahu, Israel vai agora ser governada por uma nova coligação.

A chegada ao poder do novo primeiro-ministro israelita, o político de extrema-direita, Naftali Bennett, depois de um mandato de 12 anos de Benjamin Netanyahu, foi marcada pela confiança do líder, que afirmou que o país se prepara para “o início de novos dias”.

“Os cidadãos de Israel estão todos a olhar para nós”, disse no domingo, pouco depois de o parlamento ter aprovado o novo governo. “Temos o fardo da aprovação perante nós”.

Depois de uma crise política que obrigou o país a recorrer a quatro eleições no espaço de dois anos, o ex-primeiro ministro Netanyahu foi afastado do poder após uma votação que viu 60 deputados (o parlamento possui um total de 120, mas estavam presentes 119), a votarem a favor da nova coligação.

Entre os 59 deputados que votaram contra encontravam-se membros do partido Likud, de Netanyahu, que constituía a maioria dos opositores desta medida, e de partidos de extrema-direita e ultraortodoxos.

Com o aval desta votação, foi aprovado pelo parlamento um voto de confiança no “governo de mudança”, uma coligação liderada por Naftali Bennett, que irá ficar no poder durante dois anos, e pelo líder centrista Yair Lapid, antigo pivô televisivo, que ocupará o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. 

O novo governo é ainda constituído pelo antigo chefe militar Benny Gantz, do Partido Azul e Branco, que disputou três das últimas quatro eleições com Netanyahu, nunca tendo conseguido mais do que um empate, e que irá assumir a função de ministro da Defesa; a deputada e ministra dos Transportes, Merav Michaeli, líder do Partido Trabalhista, o ex-apoiante do antigo primeiro-ministro; Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, no cargo de ministro das Finanças; o antigo ministro da Educação Gideon Sa’ar, do partido Nova Esperança, que, outrora, também foi apoiante de Netanyahu, designado ministro da Justiça; Nitzan Horowitz, do Meretz, que assume a função de ministro da Saúde, e Mansour Abbas, do partido Raam (Lista Árabe Unida), o primeiro partido de cidadãos palestinianos a fazer parte de um governo israelita, no cargo de vice-primeiro ministro.

Selo de aprovação de Biden Dos Estados Unidos, um dos maiores aliados de Israel, chegaram felicitações e manifestações de apoio ao novo governo, com o Presidente Joe Biden a prometer a cooperação e a promoção da “segurança, estabilidade e paz para israelitas, palestinianos e todos os povos da região”.

“Em nome do povo norte-americano, felicito o primeiro-ministro, Naftali Bennett, o primeiro-ministro adjunto e ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, e todos os membros do novo governo israelita”, afirmou Biden em comunicado divulgado pela agência de notícias francesa AFO.

No documento, o Presidente norte-americano acrescentou estar “ansioso para trabalhar” com Bennett” no fortalecimento das relações entre nos dois países.

O que representa esta mudança para a Palestina? Diversos líderes políticos palestinianos desvalorizaram as alterações no governo israelita, uma vez que consideram que o novo primeiro-ministro irá prosseguir a “mesma agenda da ala direita que o seu antecessor”, escreve a Al Jazeera.

O Ministério das Relações Exteriores da Palestina emitiu um comunicado onde afirmava que era “errado” designar o governo de Bennett como um “governo de mudança”, a menos que exista uma mudança significativa na posição sobre o direito palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de um governo independente do Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital.