“Melhor vacina” é o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento físico, diz médico

“É uma doença ligeira para muita gente, mas nunca se sabe em quem a doença vai ser mais grave”, alertou o especialista no dia em que foram confirmados mais 1.350 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2.

“Melhor vacina” é o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento físico, diz médico

“Muitas doenças que conhecemos têm repercussões a longo prazo e nós não fazemos ideia nenhuma do que são as repercussões a médio e a longo prazo” da covid-19, começou por avançar, em declarações à agência Lusa, António Pais Lacerda, diretor do serviço de Medicina Interna II do Hospital Santa Maria, em Lisboa, onde o número de doentes internados tem vindo a aumentar, contabilizando-se 34 na terça-feira, nove dos quais em cuidados intensivos. “Nós achamos que (a covid-19) é uma infeção que matava muito as pessoas mais idosas. É verdade que podem ser resolvidas, com maior ou menor dificuldade, as situações de pessoas de meia-idade e jovens, mas isso é a curto prazo”, frisou, apelando a que as pessoas mantenham "ao máximo" a proteção contra o novo coronavírus.

Na ótica de Pais Lacerda, urge pensar nos efeitos da infeção por SARS-Cov-2 no futuro. “Nós conhecemos esta doença há pouco tempo, desde dezembro de 2019, e não sabemos o que acontecerá daqui a cinco, 10 ou 20 anos a todas as pessoas que ficaram infetadas”. “Portanto, as pessoas têm de pensar que não é só a questão de se protegerem [a si e aos outros] por causa de uma doença viral aguda é protegerem-se para o seu futuro”, realçou o profissional de saúde para quem a "melhor vacina", atualmente, é o uso do equipamento de proteção individual, a higienização das mãos e o distanciamento físico.

“Nós não sabemos quem é que está ao nosso lado. Nos anos 80 houve a infeção pelo VIH e é evidente que as pessoas quando estavam a fazer sexo com alguém não sabiam [se tinha a doença] porque a pessoa não tinha um letreiro na testa a dizer ‘eu estou infetado’. O mesmo se passa com a covid-19. Há pessoas que podem estar infetadas com este vírus respiratório e também não têm o letreiro a dizer que estão infetadas e podem não ter sintomas e estar a transmitir essa infeção a outras pessoas que estejam perto”, explicitou, observando, por outro lado, que a noção de que a doença nos jovens é ligeira "é verdade em grande número de casos”, contudo os mesmos podem ter doenças "muito graves mesmo na casa dos 20 anos".

“É uma doença ligeira para muita gente, mas nunca se sabe em quem a doença vai ser mais grave”, alertou o especialista no dia em que foram confirmados mais 1.350 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o número diário mais alto desde fevereiro, e mais seis pessoas morreram com covid-19, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.