PS reage ao regresso de Passos: os portugueses não esqueceram

Socialistas responderam às críticas do ex-primeiro-ministro. Passos defendeu que as reformas tem de ser feitas, mesmo em “confronto”.

Depois de assistir ao congresso das direitas quase em silêncio, Pedro Passos Coelho voltou a criticar o Governo na apresentação de um livro sobre o Serviço Nacional de Saúde. O PS reagiu com a garantia de que os portugueses não se esqueceram da política de austeridade.

Na apresentação do livro de António Alvim, na quarta-feira, Passos Coelho falou quase durante uma hora e alertou que são necessárias reformas, mesmo que não sejam consensuais entre os principais partidos. “Bem sei que há muitas reformas que gostaríamos que fossem tão consensuais que durassem o suficiente para que se vissem resultados. Mas espero que as forças políticas não fiquem à espera uma das outras, o país não pode perder continuamente com este jogo”, disse o ex-primeiro-ministro, depois de Rui Rio ter lamentado a falta de abertura dos socialistas para fazer reformas.

Passos Coelho acusou o Governo socialista de ignorar os problemas e alertou que essa atitude não pode paralisar o país. “Se o Governo que está em funções não os quer enfrentar, que venha um dia outro que os possa enfrentar. Se as reformas tiverem de se fazer em confronto que se façam, também é importante que a democracia funcione para isso”, disse Passos Coelho, que deixou a liderança do PSD no início de 2018 após um mau resultado nas eleições autárquicas. Sobre o Serviço Nacional de Saúde, Passos Coelho defendeu que é “imperdoável que a esquerda, que diz que é uma espécie de ‘alma mater’ do SNS o esteja a desqualificar desta maneira e que seja o que se chama de direita a sempre a tentar salvar a situação e ver se lhe consegue dar sustentabilidade”.

O PS reagiu às críticas do antigo primeiro-ministro. A deputada socialista Sónia Fertuzinhos lembrou os tempos da troika e as políticas de austeridade. “Relativamente ao que disse sobre o SNS, não nos parece que Pedro Passos Coelho possa achar que os portugueses e as portuguesas se esqueceram das opções de política pública na área da saúde por parte do Governo em que foi primeiro-ministro”.

A deputada e dirigente socialista admitiu, em declarações à Lusa, que “as circunstâncias eram então muito difíceis”, mas o Governo de Passos Coelho “cortou o dobro do que era exigido no memorando” da troika.

O eurodeputado do BE José Gusmão também comentou o discurso de Passos Coelho. “As direitas fizeram o maior corte orçamental da nossa democracia no SNS para o ‘salvar’ e evitar a sua ‘desqualificação’. Passos Coelho renasce enfim, para lembrar o país e toda a humanidade que não há limites para o descaramento´”, escreveu o bloquista nas redes sociais.