“O Governo não mostra vontade de dignificar a polícia”, critica Pedro Carmo da OSP/PSP

“Se ganhamos pouco ou muito, se temos direitos ou não, isso não importa, cada vez ficamos mais para trás”, afirma dirigente.

"Este mês, vamos receber o subsídio de férias e, embora, haja processos em tribunal, continuam a descontar o subsistema de saúde SAD nos subsídios de férias e de Natal", começa por desabafar Pedro Carmo, presidente da Organização Sindical dos Polícias (OSP/PSP), avançando que "quando doentes só poderemos estar 12 meses por ano, o retorno das comparticipações nas faturas está parado e os acordos com instituições de saúde cada vez em menor número e valor de comparticipação. Por outro lado, destaca que "se repete a impossibilidade da passagem à pré-aposentação aos 55 anos, conforme legislado no Estatuto da PSP e há elementos, com mais de 60 anos, ao serviço, impedidos de passar à pré-aposentação por falta de despacho do governo, que quer manter a aparência da existência de efetivo operacional". Neste sentido, frisa que tem conhecimento de colegas que somente deixarão de desempenhar os seus cargos no final do ano, "já gozaram as férias às quais tinham direito por pensarem que se reformariam e, agora, ficarão sem um único dia de descanso".

Outro ponto que preocupa o dirigente prende-se com o estado das comunicações rádio, pois "com muitos cortes e muitas ausências de rede, encontrando-se o material de comunicações em maioria com degradação evidente", nem sempre são realizadas. "As comunicações rádio são fundamentais no serviço de Polícia, e a sua deficiência ou ausência põem em causa o rápido apoio ao cidadão e aos Polícias de serviço", garante, adiantando que "estamos perante uma vergonha ao nível nacional porque alguém pode precisar de ajuda e estar sujeito a não obtê-la", sendo que este problema ganha contornos gritantes na Margem Sul, na medida em que "o Comando de Setúbal raramente consegue estabelecer uma comunicação à primeira". Naquilo que diz respeito à frota automóvel, "está novamente a parar" e existem "pequenos arranjos que não são executados porque o governo não liberta verba para a PSP". 

"Os polícias continuam à espera de proposta concreta para compensação monetária, pelo risco profissional, e avista-se mais uma retirada de direitos adquiridos, com a revisão dos suplementos", esclarece, realçando que "estamos a chegar ao fim do mês e o Ministério da Administração Interna ainda não se manifestou acerca daquilo que pensa fazer em relação aos subsídios", sendo que "não há notícias de valores, daquilo que será retirado ou acrescentado, nada foi dito" e, por isto, "mais uma vez, andamos às voltas e não vislumbramos nada em concreto". Na ótica de Pedro Carmo, há injustiças que urge solucionar, como o facto do subsídio de fardamento estar previsto por lei e ter, supostamente, um aumento mediante a inflação, no entanto, "agora, o objetivo passa por fundi-lo ao vencimento". Tal desagrada a OSP/PSP porque "estará sujeito a um acréscimo de IRS, entra como rendimento bruto". "Compramos as fardas somente para o serviço e não andamos com elas na rua", assume, considerando que "na primeira comunicação que o Executivo fez, deu a entender que daria tudo e mais alguma coisa", contudo, o panorama atual é distinto.

"O Governo não mostra nenhuma vontade de dignificar a polícia. Já houve protestos dos sindicatos, outras ações e continuamos sem novidades. Simplesmente ignoram a nossa existência, só querem que vamos trabalhando e assegurando a segurança interna. Se ganhamos pouco ou muito, se temos direitos ou não, isso não importa, cada vez ficamos mais para trás", remata, avançando que a OSP/PSP requer "investimento, sendo que presentemente o governo nem garante o apoio financeiro necessário ao normal funcionamento da PSP".

Recorde-se que, no início do passado mês de maio, aquando da realização de uma ação de protesto, frente à Alfândega do Porto, sob o lema "Valorizar os polícias não é um gasto supérfluo", Pedro Carmo explicou ao Nascer do SOL que "é pretensão do Governo 'resumir e baralhar', 'junta, põe e tira' e em resultado final nada significativo se avista, em termos monetários, 'fazendo em seguida o marketing', a que estamos acostumados".