Marta Temido admite mais restrições para conter a pandemia

Note-se que Portugal continental ultrapassou hoje a incidência de 120 casos por 100 mil habitantes. 

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, esta segunda-feira, que a variante Delta do SARS-Cov-2 já é dominante em Lisboa e Vale do Tejo, confirmando os dados já avançados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), e admitiu que o mesmo deverá acontecer na generalidade do país. A ministra não descartou um possível confinamento, referindo que “as medidas não farmacológicas (onde se pode incluir a restrição de circulação) ainda podem ser necessárias nesta fase de transição” para conter a pandemia em Portugal.

"Aquilo que se estima é que a variante Delta [inicialmente detetada na Índia] passe a ser dominante não só na generalidade do território português, mas também noutros países. É o mesmo processo que aconteceu relativamente à variante Alfa [associada ao Reino Unido]", disse Marta Temido, em declarações aos jornalistas, explicando depois que esta variante já é dominante em Lisboa e Vale do Tejo.

“Há uma prevalência bastante elevada da variante Delta, com transmissibilidade mais elevada e que é já dominante em Lisboa e Vale do Tejo. Sempre dissemos que as linhas são indicadores que nos levam a travar ou acelerar e tomar medidas em função daquilo que é a situação concreta. Estamos com um risco de transmissão efetivo e novos casos elevado. Temos de continuar a acelerar a vacinação, garantir o acesso a testes e que esse acesso seja efetivamente utilizado pelas pessoas”, acrescentou.

“O objetivo neste momento é ganhar tempo para mais pessoas estarem vacinadas”, defendeu, lembrando depois que são necessárias as duas doses da vacina para que a imunização esteja completa.

A governante reconheceu que Portugal está em “contraciclo” face a outros países europeus e que tal prejudica a imagem do país a nível externo.

“Num contexto em que a maioria dos países europeus estão com números que são de decréscimo da transmissão das infeções, evidentemente, que esta situação em que o país está de contraciclo nos é desfavorável”, admitiu.

“O apelo é para que todos tenham um pouco mais de paciência e que mantenham a adoção das medidas”, pediu.

Segundo a ministra, o Governo quer vacinar 130 mil vacinas por dia em julho e revelou que a semana passada foi a melhor semana de vacinação até ao momento.

Sobre o facto de o autoagendamento abrir esta segunda-feira a maiores de 37 anos e não 35, como estava previsto, a ministra disse que esta foi uma mudança relacionada com a “gestão” do próprio processo.

“Todos temos reparado que quando abre a vacinação para determinada faixa etária, automaticamente, as pessoas correm ao autogendamento e gera-se algum fenómeno de espera", disse, explicando que se a opção for aberta “ao longo da mesma semana” em vez de ser disponibilizada para todo o grupo ao mesmo tempo é possível “gerir melhor as respostas”.