Jornal pró-democracia de Hong Kong obrigado a encerrar

O jornal pró-democracia de Hong Kong, Apple Daily, foi obrigado a encerrar depois do governo ter mandado congelar os fundos do diário.

Com os seus bens congelados pela polícia local, o conselho de administração do Apple Daily decidiu que a melhor medida a tomar seria encerrar o jornal e, esta quinta-feira, lançar a sua última edição. A empresa mãe do jornal, Next Digital Media, já tinha feito um pedido ao governo para libertar os fundos do jornal de forma a conseguir pagar as despesas e aos seus trabalhadores, mas a líder de Hong Kong, Carrie Lam respondeu que a decisão cabe ao secretário de segurança.

O jornal, que já tinha sido obrigado a encerrar a sua versão inglesa, tem sido vocal na denuncia da repressão por parte da China e do governo de Hong Kong, o que tem sido respondido com opressão.

Atualmente, o proprietário do jornal, Jimmy Lai, está detido, condenado a várias penas de prisão pelo envolvimento em protestos pró-democracia em 2019. Foi também acusado ao abrigo da lei de segurança, que prevê a pena de prisão perpétua para crimes de secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Segundo o conselheiro sénior de Lai, Mark Simon, o jornal tem congelado mais de 1,9 milhões de euros. Caso o Apple Daily continue impedido de aceder a estes valores o jornal será obrigado a encerrar ainda esta semana.

Esclarecer legislação Depois de jornalistas e editores de Hong Kong terem sido presos por, alegadamente, quebrarem a lei de segurança nacional, membros da imprensa pediram à líder do governo para esclarecer esta legislação vaga, um pedido que foi prontamente recusado.

“Não vale a pena subestimar a importância de quebrar a lei da segurança nacional, nem tentar embelezar estes atos que colocam a segurança nacional em risco”, disse a líder de Hong Kong, numa conferencia de imprensa, que decorreu esta quarta-feira, onde defendeu a detenção de vários membros do jornal pró-democracia, Apple Daily, dois destes detidos foram inclusive acusados de conspirar para cometer conluio com um país estrangeiro, assim como o facto de ter congelado os fundos monetários do jornal e a operação que levou mais de 500 polícias aos escritórios do jornal.

“Não tentem acusar as autoridades de Hong Kong de usar a lei de segurança nacional para suprimir a os meios de comunicação ou sufocar a liberdade de expressão”, acrescentou Lam. “Criticar o Governo de Hong Kong não é um problema, mas se existe uma intenção de organizar ações que incitem à subversão do Governo, então é claro que é diferente”, disse.

As autoridades internacionais pretendem impor sanções ao governo chinês e de Hong Kong por estes ataques ao Apple Daily. Lam tentou justificar que este caso não era um ataque ao “trabalho jornalístico normal”, no entanto, acusou o diário de ter tentado minar a segurança nacional da China em artigos publicados, apesar de não ter especificado os artigos em questão, nem esclarecendo se se tratou de notícias ou artigos de opinião.