O PS está em fim de ciclo

No pior momento, António Costa não teve generais à altura. Conseguiu ultrapassar o primeiro confinamento, mas o segundo nunca havia sido equacionado e ocorreu em simultâneo com a Presidência da UE

A ambição de António Costa ganhar um bom lugar na Europa através da Presidência do Conselho da União Europeu, fê-lo perder o poder dentro do país. Era António Costa que tudo controlava, desde cada Ministério dentro do governo, passando por câmaras municipais, instituições, chegando aos media. Fez um Governo de ministros sem luz própria, obrigados a girar em volta do primeiro-ministro Sol. Deixou em Lisboa um presidente obrigado a dançar conforme a música posta por S. Bento. 

António Costa foi o dono disto, ninguém tem dúvidas. Todavia, a pandemia veio criar uma exigência logística que não estava nos planos, obrigando a um esforço de sobrevivência e quase de guerra. A pressão para combater a pandemia e salvar vidas, foi o pior teste de stress a que qualquer governo podia ser sujeito. Mas este nem sequer era um governo qualquer: era um governo de socráticos, isto é, de pessoas que governam para as sondagens, para manter o poder, para aumentar impostos e a dívida. 

No pior momento, António Costa não teve generais à altura. Conseguiu ultrapassar o primeiro confinamento, mas o segundo confinamento (a partir de janeiro de 2021) nunca havia sido equacionado e ocorreu em simultâneo com a Presidência do Conselho da União Europeia. Apostado em conquistar a Europa, desguarneceu a frente interna e foi o que se viu. A guerra entre os dois delfins (Medina e Pedro Nuno Santos) que era surda e abafada, saltou para praça pública. 

O ministro Cabrita tornou-se o bobo da corte, sustentado pelo primeiro-ministro mesmo quando a morte o ronda. Morreu um desgraçado no aeroporto, morreu um desgraçado numa estrada, e Costa, ocupado a pedir dinheiro de joelhos a Ursula von der Leyen, faz de conta que não vê. 

Fernando Medina, protegido como havia estado nas boas graças do regime, já não aparece como o edil que prometeu casas e centros de saúde e não os fez; mas como um político pouco sério, pouco respeitador dos direitos humanos e pouco amante da democracia. 

A campanha de vacinação só tomou rumo quando colocaram um militar à frente das operações e é a vacinação o único trunfo que o governo tem para mostrar à população. A possibilidade de uma quarta vaga e de mais confinamentos seria o equivalente a perder uma batalha decisiva e compromete o moral. Entretanto, o Presidente da República já deu os sinais de que já não ampara o Governo como antes.

É claro que terminada a Presidência do Conselho (passa para a Eslovénia em julho), António Costa vai regressar à intendência da Pátria, mas o mal está feito. Mal comparado, porque há muitas mortes a lamentar, é como a pasta dentífrica, uma vez saída do tubo, não volta a entrar.