“CDS deixou de querer ser relevante”

‘Chicão’ confrontado com mais uma saída. Francisco Mendes da Silva desfiliou-se do CDS com o sentimento de que deixou de ser útil.

“CDS deixou de querer ser  relevante”

Francisco Rodrigues dos Santos foi confrontado com mais uma saída do CDS. Numa altura em que o partido está a preparar as eleições autárquicas e não consegue descolar nas sondagens, Francisco Mendes da Silva anunciou a desfiliação do partido.

Francisco Mendes da Silva foi deputado na Assembleia da República quando o partido era liderado por Assunção Cristas e no último congresso apoiou a candidatura de João Almeida.

Entrou para o partido em 1995 com apenas 15 anos e decidiu bater com a porta com a «convicção de que o CDS deixou de querer ser um instrumento relevante e autónomo, dinâmico e moderno – e o mais representativo possível – dos princípios políticos» que defende.

«Não saio por ter deixado de acreditar no que há muito acredito; saio porque, acreditando no que acredito, sinto que deixei de ser útil no – e ao – CDS», escreve, nas redes sociais, Francisco Mendes da Silva, numa mensagem em que anuncia a desfiliação do partido.

O advogado e comentador explica que tomou esta decisão «difícil» depois de uma «reflexão longa, profunda, estritamente pessoal e solitária». E acrescenta: «Trata-se, porém, de uma decisão natural, que resulta de uma reflexão sobre as minhas posições políticas, a evolução da minha relação com o partido e com as obrigações da vida partidária em geral».

Mendes da Silva não é o primeiro a bater com a porta desde que Francisco Rodrigues dos Santos assumiu a liderança. Abel Matos Santos, fundador da Tendência Esperança em Movimento (TEM), desfiliou-se no início deste ano com a convicção de que «este CDS tomou o mesmo caminho que tende a torná-lo irrelevante na política nacional». Pedro Borges Lemos saiu e aderiu ao Chega.

Rodrigues dos Santos tem enfrentado críticas internas de figuras com peso no partido como Nuno Melo, Cecília Meireles ou Adolfo Mesquita Nunes. Pelo caminho, perdeu também o apoio de alguns dos elementos da sua direção como Filipe Lobo d’Ávila e Raúl Ameida. «O CDS não é considerado. Os indicadores são trágicos», afirmou Lobo d’Ávila quando apresentou a demissão da comissão executiva.

Os críticos chegaram mesmo a defender um congresso antecipado, mas o debate interno ficou adiado para depois das eleições autárquicas.