O exemplo de Porto de Mós

Em Porto de Mós, um tapete em Calçada Portuguesa recorda agora o esforço e a dedicação dos profissionais que não pararam durante a pandemia.

Porto de Mós interpretou bem a relevância dos seus recursos endógenos nas dimensões social, económica e, sobretudo, na conjugação destas na sua identidade. Terra de pedra, valoriza essa circunstância como um ativo para a sua afirmação e desenvolvimento.

O Dia de São Pedro é também o dia do município de Porto de Mós. Curiosa coincidência ter como Santo padroeiro Pedro – o apóstolo ‘Petrus’, em latim. Na citação bíblica de Jesus: «Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja».

No passado dia 29, foi a pedra o mote para assinalar o dia do município de Porto de Mós. Numa cerimónia plena de significado, foi inaugurado um monumento em Calçada Portuguesa de homenagem aos profissionais na linha da frente no combate à pandemia no concelho.

A iniciativa, concretizada com o empenho do presidente da Câmara, foi promovida pela Associação da Calçada Portuguesa e reuniu o apoio da Assimagra – associação empresarial do setor dos recursos minerais, da Câmara Municipal de Porto de Mós, da Câmara Municipal de Lisboa e da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. O objetivo era prestar uma homenagem a todos os profissionais que, durante o Estado de Emergência, com o seu trabalho, tornaram a vida de todos menos difícil.

Em Porto de Mós, um tapete em Calçada Portuguesa recorda agora o esforço e a dedicação dos profissionais que não pararam durante a pandemia. A arte do empedrado artístico, nascida em Lisboa e que hoje está presente em todo o país e no mundo, é parte da cultura e da identidade nacionais. A pedra utilizada nessas calçadas provém, essencialmente, das serras de Aires e Candeeiros e, em grande parte, do território do concelho.

O município de Porto de Mós tem procurado afirmar-se como o território da pedra. Mas, muito mais do que assistir passivamente à sua extração, tem apostado na valorização deste recurso, contribuindo para o desenvolvimento económico e social e também para o aprofundamento da sua identidade. A pedra é aqui elemento de tradição, mas também de modernização. A par com a preservação de tradições identitárias como os muros de pedra, aposta na investigação e na tecnologia, contribuindo para o fortalecimento da base económica sustentada na extração, na transformação e na criação artística.

A provável inscrição do Saber-Fazer da Calçada Portuguesa como Património Cultural Imaterial foi assumida como um desafio por Porto de Mós. A valorização desta arte significa um potencial de revitalização do setor extrativo, mas também a assunção de uma especial responsabilidade, tendo em consideração que este território é essencial para a preservação da Calçada Portuguesa. Sem calceteiros não haverá calçada. Mas sem pedra também não. Caberá ao município promover as condições para a salvaguarda deste bem que é fator de identidade cultural do nosso país.
Porto de Mós é terra de pedra. A Calçada Portuguesa terá sempre a sua marca.