“O Tiago e o Rafael são reféns do Estado”, diz pai de alunos que não frequentam Cidadania

“Não lhes chamo chumbos, mas sim tentativas, porque continuam a ter ótimas notas”, diz encarregado de educação.

“O Tiago e o Rafael são reféns do Estado”, desabafa Artur Mesquita Guimarães, pai de dois alunos do 7.º e 9.º ano, respetivamente, que foram alvo de uma tentativa de reprovação, no passado ano letivo, por não frequentarem a disciplina obrigatória de Cidadania e Desenvolvimento.

“Não lhes chamo chumbos, mas sim tentativas, porque continuam a ter ótimas notas. Um tem 5 a tudo e outro tem 4s e 5s”, explica o encarregado de educação, comprovando esta afirmação por meio dos boletins de notas.

Artur e a esposa voltaram a avançar, na passada quarta-feira, com uma providência cautelar, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, para que os filhos voltem a transitar de ano. “Não me surpreende que tal esteja a acontecer novamente, mas continuam com uma apreciação global de excelência”.

“Sei que alguns pais tomaram a mesma atitude, mas foram tão pressionados que recuaram ou fizeram de conta que nunca se opuseram”, narra o pai dos estudantes do Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco. Refere que “muitos estão a optar pelo ensino doméstico exatamente por causa desta disciplina”, embora reconheça que esta não é a solução para a questão porque os conteúdos programáticos devem ser seguidos de igual modo.

“Tem saído toda uma série de legislação e o problema persiste. Competências como a sexualidade e a ecologia dizem respeito aos pais e o Estado não pode impor a doutrinação. São encaradas de modos diferentes por variadas pessoas”, esclarece Artur. “Não discutimos a virtude da disciplina, mas não pode ser de caráter curricular”.

“O Tiago é um aluno empenhado, tendo desenvolvido com excelência as aprendizagens essenciais a todas as disciplinas”, lê-se no boletim do irmão mais novo, sendo o mais velho adjetivado de “interessado, aplicado e responsável”.

“Têm consciência daquilo que está a acontecer, mas estão em sintonia connosco. São plenamente respeitados pelos professores e alunos e nem podia ser de outra forma”, sublinha Artur, explicando que, no horário das aulas de Cidadania e Desenvolvimento, os adolescentes aproveitam para estudar na biblioteca ou ir a casa dos avós.