Partidos reagem à detenção de Vieira. “Não há cidadãos intocáveis”

CDS defende que é preciso apurar “o que se passou nos bancos”. Liberais lembram que Costa e Medina integraram comissão de honra.

As primeiras reações dos partidos políticos surgiram poucas horas depois de Luís Filipe Vieira ter sido detido. Os políticos pedem “celeridade” à justiça e congratula-se por não “haver cidadãos intocáveis”.

O CDS foi dos primeiros partidos a reagir à notícia para desejar que a justiça continue a atuar. A deputada centrista Cecília Meireles preferiu não comentar “casos concretos”, mas congratulou-se por o trabalho das comissões de inquérito estar a ser útil. “Parece-me saudável que o trabalho que é aqui feito possa ser aproveitado pela justiça”, disse a deputada do CDS, reafirmando a importância de apurar “o que se passou nos bancos”.

O PAN congratulou-se por não haver “cidadãos intocáveis para a justiça”. Inês Sousa Real espera que “as perdas relacionadas com o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos, e que alegadamente estão associadas a Luís Filipe Vieira, também sejam recuperadas porque há prejuízo para erário público”.

Jerónimo de Sousa também aceitou comentar a notícia que dominou o dia, mas disse apenas que “é preciso averiguar os factos e responsabilizar quem deve ser responsabilizado, perante o que resultar do processo de investigação”.

Promiscuidade

Já André Ventura, antigo comentador desportivo e benfiquista assumido, pediu rapidez e transparência no processo que envolve o presidente do Benfica. “Estou aqui como líder do Chega e representante dos portugueses, que querem que seja feita justiça, seja com Luís Filipe Vieira ou outro dirigente desportivo, político ou religioso. Estamos a falar de um crime, sob suspeita, que lesou Portugal e os contribuintes e o que espero é que a Justiça seja rápida, eficaz e transparente”, disse o líder e deputado do Chega.

A Iniciativa Liberal considera que a detenção de Luís Filipe Vieira “deve ser entendida num conjunto de inaceitáveis exemplos de promiscuidade e sentimento de inimputabilidade entre o poder financeiro e interesses de outra natureza”.

Os liberais defenderam, em comunicado, que a justiça deve ser aplicada “não apenas a casos individuais, mas a todos os intervenientes com responsabilidades, incluindo os reguladores e os atores políticos envolvidos”.

O partido liderado por João Cotrim Figueiredo aproveitou para lembrar que António Costa e Fernando Medina “chegaram a integrar a Comissão de Honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira, tendo sido afastados pelo próprio candidato na sequência da polémica que se gerou”.

Comissão de honra

O primeiro-ministro e o autarca de Lisboa integraram a comissão de Honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Sport Lisboa e Benfica.

A polémica estalou no início de setembro de 2020 e, após uma semana de críticas, Luís Filipe Vieira retirou António Costa e Medina da comissão de honra.

O primeiro-ministro justificou, nessa altura, numa entrevista ao jornal Público, a decisão de aceitar o convite: “quando me foi feito o convite, ponderei entre aquilo que era a minha conveniência política e aquilo que era a minha consciência e achei que, do ponto de vista da minha consciência, eu não devia recusar, naquele momento e naquela circunstância. É um caso que ficou ultrapassado pela decisão do próprio Luís Filipe Vieira”.

Fernando Medina considerou, em reação à polémica, que não existem “incompatibilidades” entre as funções que desempenha e apoiar um presidente de um clube de futebol.