Vieira fica em prisão domiciliária até pagar três milhões de euros para ficar em liberdade

O presidente, substítuido no Benfica por Rui Costa, terá de entregar passaporte e está proíbido de contactar algum elemento da SAD, da estrutura do Benfica e também os restantes arguidos, exceto o filho, Tiago Vieira. Para o advogado de Vieira, Magalhães e Silva, as medidas de coação impostas por Carlos Alexandre “são manifestamente excessivas”.

O juiz do Tribunal Central do Instrução Criminal (TCIC) Carlos Alexandre decidiu decretar prisão domiciliária, sem pulseira eletrónica nem vigilância policial, a Luís Filipe Vieira, até pagar três milhões de euros de caução para ficar em liberdade. 

Carlos Alexandre aceitou todas as medidas de coação pedidas pelo procurador do Ministério Público para todos os arguidos, Rosário Teixeira.

O dirigente das águias, substituído por Rui Costa na presidência do Benfica, foi obrigado a entregar o passaporte para evitar uma fuga do país e está proibido de contactar qualquer elemento da SAD, da estrutura do Benfica e todos os arguidos, exceto o seu filho Tiago Vieira, devido à sua relação familiar.

Para o advogado de Vieira, Magalhães e Silva, as medidas de coação impostas por Carlos Alexandre "são manifestamente excessivas em face do que está escrito na indiciação. Não estão indiciados factos que constituam crime".

"As pessoas que não comentem o que não sabem. Se querem comentar os actos relativos ao processo, têm de ler com todo o cuidado a indiciação do Ministério Público", apontou Magalhães e Silva. 

O representante do presidente das águias criticou a decisão de Carlos Alexandre de exigir o passaporte para evitar uma eventual fuga. "Surpreende-me, porque faz pouco sentido que um homem de 72 anos e família, com filhos netos e amigos em Portugal, tivesse a tentação, por um segundo que fosse, a tentação de fugir para o estrangeiro por causa disto".

Em relação aos restantes arguidos do processo Cartão Vermelho, a segunda decisão mais gravosa é a de José António dos Santos.

O empresário conhecido por Rei dos Frangos, que terá de pagar dois milhões de euros para sair em liberdade. Também está proibido de estabelecer algum tipo de contacto com os arguidos e de sair do país.

Tiago Vieira, filho do principal arguido, terá de pagar 600 mil euros de caução, enquanto Bruno Macedo, empresário de futebol, pagará 300 mil. Ambos, tal como o Rei dos Frangos, também estão proibidos de fugir do país e de contactar os outros arguidos.

A audição de Luís Filipe Vieira foi a última a ser realizada pelo juiz Carlos Alexandre e durou cinco horas, tendo começado na manhã até à tarde deste sábado.

Para o advogado de Vieira, Magalhães e Silva, "as explicações que Luís Filipe Vieira deu, do meu ponto de vista, ilibam-no integralmente”, apontou após o interrogatório.

Os quatro detidos – Luís Filipe Vieira, José António dos Santos, o empresário de futebol Bruno Macedo e Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica suspenso – chegaram ao TCIC às 09h03 deste sábado, após pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.

Recorde-se que, de acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".

A operação está a ser coordenada pelo procurador da República Rosário Teixeira, pelo coordenador da delegação de Braga da IT, Paulo Silva, e pelo juiz Carlos Alexandre, o trio que há quase sete anos deteve o ex-primeiro ministro José Sócrates por suspeitas de corrupção passiva, evasão fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito da Operação Marquês.

Nesta sexta-feira, Rui Costa assumiu presidência do Sport Lisboa e Benfica “com efeitos imediatos”. A decisão foi tomada numa reunião de emergência da direção, depois de Luís Filipe Vieira suspender as suas funções no clube da Luz na manhã de ontem.

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