Jovens são a maioria dos novos casos de covid-19 mas diagnósticos estão a aumentar entre os idosos

Na última semana foram diagnosticados em todo o país mais de 19 mil casos de covid-19. A esmagadora maioria em jovens, mas incidência também sobe nos mais velhos. Mortes superam mês de junho e há agora 18 surtos ativos em lares, quando no fim de junho eram quatro.

Os jovens continuam a representar a esmagadora maioria dos casos de covid-19 diagnosticados no país, mas o aumento da incidência tem sido acompanhado pela subida de diagnósticos também na população mais velha. Na última semana, dos cerca de 19 mil casos diagnosticados no país, 1579 são pessoas com mais de 60 anos de idade, entre elas 271 maiores de 80 anos. Na semana anterior tinham sido diagnosticados 1318 casos acima dos 60 anos, dos quais 209 acima dos 80. Apesar do aumento de diagnósticos ser inferior ao das faixas etárias mais novas, é agora maior do que quando havia uma menor transmissão do vírus a nível nacional. No final de maio, chegou a haver uma semana em que foram diagnosticados apenas 103 casos entre idosos e agora são mais do dobro, sendo que no caso da população mais nova a incidência aumentou cinco vezes. Volta agora a ser também maior o peso dos idosos internados nos hospitais. Segundo o i apurou, na região de Lisboa e Vale do Tejo, os idosos chegaram a representar 6% do total de doentes internados em maio e são agora de novo 13% dos doentes hospitalizados. Outro indicador é o aumento dos surtos em lares. Dados facultados ao i pela Direção Geral da Saúde esta terça-feira mostram que há agora 476 surtos ativos no país, mais 153 do que no final de junho. Os surtos em contexto de lar são uma minoria, mas se no fim de junho eram quatro, agora são 18. Segundo a DGS, a situação contrasta drasticamente com o pico de surtos registados globalmente no país em fevereiro de 2021, quando chegou a haver 921 surtos ativos. A incidência da epidemia no país continua abaixo da que se verificava na altura, mas com tendência crescente em todas as faixas etárias.

O i tentou perceber junto da Direção Geral da Saúde qual o estado vacinal dos doentes internados nos hospitais, não tendo obtido resposta até ao fecho da edição.

A diretora-geral da Saúde revelou numa entrevista à TSF, transmitida no fim de semana, que em quase três milhões de pessoas vacinadas com as duas doses e que já tinham o esquema vacinal completo há mais de 14 dias foram diagnosticados 3580 casos de infeção por Sars-Cov-2. No balanço anteriormente fornecido pela DGS, a 17 de junho, tinham sido contabilizados 1231 casos entre pessoas com o esquema vacinal completo, pelo que no último mês, com maior transmissão do vírus e a variante delta mais transmissível com circulação dominante no país, os casos entre vacinados mais do que duplicaram. Neste período, entre 17 de junho e o balanço facultado por Graça Freitas na entrevista feita no final da semana passada, contabilizaram-no país cerca de 40 mil casos de covid-19. Os 2349 novos casos entre pessoas com a vacinação completa representaram assim cerca de 5% dos casos diagnosticados nas últimas semanas.

Mortes superam as do mês de junho em 15 dias No balanço feito em junho, a DGS adiantou que tinham registado até à data 26 internamentos entre vacinados, sendo a maioria pessoas com mais de 80 anos.

Havia então registo de cinco óbitos entre pessoas com esquema vacinal completo, um balanço que não tornou a ser facultado. Era também o balanço numa altura em que ainda se registavam incidências mais baixas. Nas últimas semanas, a acompanhar a subida de infeções, houve um novo aumento nos óbitos associados à pandemia, com a maioria das vítimas na casa dos 80 anos de idade. Apesar da eficácia considerada acima de 90% na prevenção de hospitalizações, nenhuma vacina previne a 100% o desenvolvimento de quadros graves de covid-19 e, com maior circulação do vírus, maior a probabilidade de surgirem casos graves e com desfecho fatal.

Desde o início do mês de julho morreram já no país 72 pessoas com diagnóstico de covid-19, quando em junho foram registadas 76 mortes, quase o dobro do mês de junho. Na primeira quinzena de julho deverá superar-se o balanço do mês passado, permanecendo maio como o mês que registou menos vítimas associadas à pandemia, 49 mortes. Um cenário de alívio da situação epidemiológica que não é esperado em breve. As projeções feitas a nível europeu pelo Centro de Prevenção e Controlo de Doenças continuam a apontar para uma subida dos diagnósticos e dos óbitos ao longo das próximas semanas, embora proporcionalmente menos do em vagas anteriores. As projeções apontam para mais de 200 mortes por covid-19 em Portugal ao longo do mês de julho. No ano passado, ainda sem vacina mas com menor disseminação da doença, os meses de verão foram os que registaram menos óbitos: em julho morreram 158 pessoas com diagnóstico de covid-19 e em agosto 87.