GNR. Governo não reconhece a profissão de risco, acusam estruturas

“É uma falta de respeito completa pelos homens e mulheres que defendem os portugueses”, declara António Barreira, coordenador da Região Sul da APG/GNR.

Depois de treze estruturas sindicais da PSP e associações socioprofissionais da GNR exigirem um subsídio de risco no valor de 430,39 euros – contrariando o valor compreendido entre os 48 e os 68 euros que o Governo sugeriu no fim de junho –, prometendo avançar com formas de luta caso, caso o Governo não responda a esta reivindicação, elementos da PSP e da GNR vão realizar concentrações diárias até ao próximo dia 20 de julho, véspera da reunião que terão com o Ministério da Administração Interna (MAI).

“A Associação dos Profissionais da Guarda – APG/GNR considera que o valor proposto pela Tutela para o suplemento de risco é absolutamente indigno e desconsidera os profissionais da GNR e da PSP, o risco que correm, o desgaste a que estão sujeitos e sobretudo o profissionalismo e esforço extraordinário com que têm cumprido a sua missão em tempos tão exigentes”, lê-se no comunicado enviado ontem à imprensa pelo órgão.

“É uma falta de respeito completa pelos homens e mulheres que defendem os portugueses e o Estado democrático”, começa por explicar António Barreira, coordenador da Região Sul da APG/GNR, lembrando que, para além do suplemento de risco “que constitui um valor vergonhoso, ainda nem sequer foi pago um cêntimo a quem está na linha da frente e devia receber o suplemento extraordinário em relação à pandemia de covid-19”.

Um ano até ao subsídio de risco? “Se este suplemento for pago, tal só acontecerá para o ano que vem”, garante, referindo-se ao valor atribuído aos elementos das forças de segurança tendo em conta a penosidade e o risco acrescidos das funções desempenhadas.

“Além da situação remuneratória justa, temos de ter o respeito dos governantes. Quando houve a greve dos camionistas de matérias perigosas, há dois anos, os meus camaradas até camiões conduziram”, denuncia, acrescentando que “tudo fizeram para que o povo português pudesse ter combustível”.

E garante: “Estamos disponíveis para o país, mas somos utilizados quando precisam de mão de obra barata”, acrescentando que “quando um elemento policial é agredido em trabalho, tem de pagar a taxa moderadora nos hospitais” e, deste modo, situações como esta provam que o MAI não age “devidamente”.

“Sabemos quando saímos de casa, mas não sabemos quando ou se voltamos. O número de elementos que tombaram no serviço é superior ao dos elementos da Polícia Judiciária. Basta ver os números dos elementos atropelados em serviço ou abatidos a tiro”, exemplifica, condenando o facto da lista dos profissionais de desgaste rápido não incluir os profissionais das forças de segurança.

“Lidamos com violência e com o crime todos os dias. Com o maior respeito pelas bordadeiras da Madeira, não entendemos como é que elas têm uma profissão de desgaste rápido e tal não acontece connosco”, denuncia, referindo-se a uma das onze profissões que integram a lista criada pela Segurança Social.

“Curiosamente, perante as entidades bancárias e as seguradoras, somos considerados profissionais de risco. As entidades externas veem-nos como profissionais de risco, mas o governo não o reconhece”, finaliza, lembrando que, no dia 21 de julho, pelas 10h30 a APG/GNR e a ASPP/PSP promoverão uma concentração junto ao MAI, no decorrer da reunião de negociação.

“Os próximos dias serão de luta intensa, luta essa que só será bem-sucedida com a participação de todos, com a expressão inequívoca do nosso descontentamento, porque são justas as nossas reivindicações”, realçou a APG/GNR na nota enviada aos órgãos de informação.