O selo mais raro do mundo regressa à Grã-Bretanha 143 anos depois

Considerado “a Mona Lisa do mundo dos selos”, o objeto tem 155 anos e foi arrematado por mais de 7 milhões de euros.

O selo ‘The British Guiana 1c Magenta’ remonta a 1856, é considerado o selo mais raro do mundo e, agora, estará de volta à Grã-Bretanha (permanentemente) pela primeira vez em 143 anos. O objeto foi comprado por 8,3 milhões de dólares, o equivalente a mais de 7 milhões de euros, pela famosa empresa especializada em selos postais colecionáveis, Stanley Gibbons, num leilão que ocorreu no mês passado.

De forma octogonal, impresso a preto sobre papel magenta, o selo mede 29x26mm e possui gravado um veleiro de três mastros, bem como o lema “Damus Petimus Que Vicissim”, em português “Damos e Esperamos Retribuir”. Durante quase um século e meio, foi mantido em coleções internacionais, passando pelas mãos de 12 proprietários que incluem, entre muitos outros, o famoso colecionador de selos Philipp von Ferrary, o Governo francês, o filantropo John du Pont e, mais recentemente, o designer de calçado americano Stuart Weitzman que o emprestou ao Smithsonian National Stamp Museum em Washington DC, onde se apresentava em exibição.

O objeto é o único “sobrevivente” de um pequeno lote impresso na ex-colónia britânica (que hoje é a Guiana) depois de um navio que supostamente entregaria 50.000 selos ter chegado com apenas 5.000. O agente dos correios ETE Dalton autorizou os editores do jornal Royal Gazette a fazerem uma pequena tiragem de selos, ordenando que cada selo fosse assinado por um escrivão (para evitar falsificações).

Segundo Graham Shircore, presidente-executivo da Stanley Gibbons “o selo sobrevivente foi depois utilizado para entregar um jornal que ficou esquecido até 1873. Até que um estudante escocês de 12 anos, Louis Vernon Vaughan, encontrou este tesouro entre os papéis do seu tio e vendeu-o a um colecionador local”, contou.

“Este selo é considerado o item manufaturado mais valioso do mundo, cerca de 2,5 milhões de vezes mais valioso do que o ouro de 24 quilates, por exemplo”, afirmou a empresa, adiantando que se encontra “a traçar planos para disponibilizar o selo aos colecionadores, criando um esquema de propriedade compartilhada”. “Nas próximas semanas, esperamos anunciar planos ousados, que permitirão a cada um ter um pedaço de sua história maravilhosa. Isso não inclui apenas colecionadores ricos. Estamos a desenvolver um modelo de preços que abranja todos os outros”, explicou Shircore, sublinhando o valor do objeto: “É verdadeiramente único e estamos muito satisfeitos por recebê-lo de volta ao solo britânico, onde esperamos que permaneça”. A partir de agora, o selo será exibido na loja principal da Stanley Gibbons, no centro de Londres, numa moldura “extremamente segura”, sem oxigénio.