CMVM investiga “abuso de informação” ligado ao Benfica

Supervisor aponta para diversas irregularidades sobre a estrutura acionista. “Os eventos das últimas semanas evidenciam infrações passiveis de fazer perigar a integridade do funcionamento do mercado de capitais e a proteção dos investidores”, alertou regulador. 

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a investigar se houve “abuso de informação” por parte do Benfica ou de “partes envolvidas nos recentes eventos” que envolveram o clube, por considerar que podem ter ocorrido “infrações” que colocam em perigo os investidores. A entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias afirma que “os eventos das últimas semanas evidenciam infrações passiveis de fazer perigar a integridade do funcionamento do mercado de capitais e a proteção dos investidores, nomeadamente na divulgação de informação ao mercado e de abuso de informação, as quais continuarão a ser investigadas”.

O regulador fala em “irregularidades” e “opacidade” sobre a estrutura acionista da sociedade anónima desportiva (SAD) das “águias” e diz que diligenciou no sentido de que as partes interessadas assegurassem a disponibilização ao mercado de toda a informação relevante de que tivessem conhecimento, com vista a garantir condições mínimas de negociabilidade dos valores mobiliários”.

O supervisor lembrou ainda que estas polémicas decorreram quando decorria uma emissão obrigacionista que irá terminar no próximo dia 23 de julho. E afirmou: o conteúdo do prospeto da operação “ficou desconforme com as exigências de qualidade de informação aplicáveis”. Para colmatar esta situação, prossegue, “depois de minimamente estabilizadas as implicações imediatas dos referidos indícios foi aprovada uma adenda ao prospeto pela CMVM, que reflete a informação disponível à data”.

A entidade diz ainda que a sua intervenção não implica “uma apreciação quanto à situação económica ou financeira do emitente ou à viabilidade da oferta”, acrescentando que quanto “à definição da estrutura acionista de uma sociedade emitente de valores mobiliários admitidos à negociação em mercado, bem como a concreta composição dos seus órgãos sociais, não se encontra dependente de qualquer ato prévio de natureza autorizativa. Compete aos investidores, e, em particular aos atuais acionistas da Benfica SAD, promover a avaliação e os atos societários que entendam convenientes em função da informação que a cada momento deve ser integralmente disponibilizada pelo emitente”.

As ações do Benfica fecharam a sessão de ontem a valerem 3,52 euros.