O alastrar da loucura

Costa, e seus esbirros, tomaram de ponta todo o sector da restauração e da hotelaria, procurando fazer-nos crer de que se esse tal vírus pandémico ainda por aí circula, é porque aqueles espaços permanecem em funcionamento.

Se a estupidez desse dinheiro, não tenho qualquer dúvida de que a nossa classe política, com raríssimas excepções, teria a sua conta bancária bem recheada. No entanto, e infelizmente para esses artistas do circo em que se transformou a governação do País, as asneiras em que se atolam diariamente não os enriquece, bem pelo contrário, a todos nos empobrece.

A gestão da pandemia tem-se revelado um desastre, cujas dramáticas consequências serão suportadas até às gerações vindouras.

As infames medidas de suposto combate à pandemia que têm vindo a ser adoptadas não são fruto somente da incompetência do decisor político, realidade de que já ninguém, no seu perfeito juízo, duvida, mas também da podridão que se espalhou, como um vírus não controlado, pelas cabecinhas de quem se entretém a escrevinhar despachos inconsequentes nos gabinetes ministeriais.

Costa, e seus esbirros, tomaram de ponta todo o sector da restauração e da hotelaria, procurando fazer-nos crer de que se esse tal vírus pandémico ainda por aí circula, é porque aqueles espaços permanecem em funcionamento.

A solução, a única que essas mentes distorcidas admitem como praticável, é a de rebentar, uma vez por todas, com os estabelecimentos de comidas e de dormidas, lançando para a miséria milhares de pessoas que deles sobrevivem.

Inventou-se agora um pretenso certificado sanitário, que mais não é do que um documento oficial que nos divide em vacinados e não vacinados, ou seja, portugueses de primeira e portugueses de segunda, sendo que cerca de 60% da população ainda não foi vacinada, não por sua culpa, mas porque ainda não chegou a sua vez de receber a vacina que se crê mágica.

E apenas aos portugueses de primeira é permitido comerem num restaurante ou dormirem num hotel, regra que por enquanto se aplica somente aos fins-de-semana e nos chamados concelhos de risco, mas que, e disso não duvidemos, mais tarde ou mais cedo vai ser estendida para todo o território nacional e em qualquer dia da semana.

Claro que há sempre a alternativa de nos submetermos a um teste, mais uma despesa, com impostos incluídos, a ser suportada pelos nossos bolsos, teste esse de fiabilidade duvidosa, que funciona tipo totobola, pode-se acertar ou não!

E a analogia que um certo amigo de Costa, também ele feito ministro, quis fazer com determinados países, nos quais igualmente é exigido um certificado sanitário para se ir a um restaurante, não passa de um engodo, em cuja esparrela só os mais inocentes se deixam cair: nesses países, por ele mencionados, os testes são gratuitos e feitos na hora, um pouco por todo o lado!

Por cá pagam-se, e bem, e os mais baratos e os custeados por algumas autarquias, facultados em farmácias, carecem de um agendamento com vários dias de antecedência.

É a santa estupidez no seu máximo esplendor!

Desde que o País começou a desconfinar, e se bem se recordam fê-lo contra o parecer da eminência parda do grupo de intitulados especialistas  que assessoram o governo, que na altura vaticinaram um cenário catastrófico em termos de perdas de vidas humanas, que se têm multiplicado as acções de prevenção de disseminação do vírus assassino, cada qual a mais disparatada e inconsequente, transparecendo a percepção de que os decisores não fazem a mínima ideia da eficácia das restrições que vão impondo, borrifando-se, pura e simplesmente, para o sofrimento que estas têm causado a milhares de pessoas.

As quintas-feiras tornaram-se dias de pânico para quem, não estando encostado ao conforto do salário ou subsídio que sai directamente dos cofres do Estado, vive do seu trabalho, grassando o receio de que mais se vão os governantes imaginar para atrofiar ainda mais os negócios de quem neles investiu todas as sua poupanças.

Primeiro lembraram-se de ordenar o encerramento dos restaurantes do concelho de Lisboa durante os fins-de-semana. Claro que os lisboetas em nada se preocuparam com isso, porque lhes bastava percorrer meia-dúzia de quilómetros e irem calmamente digerir a sua refeição a Algés, Oeiras, Cascais, e por aí fora!

Os comerciantes dos concelhos limítrofes de Lisboa ficaram deveras agradecidos pelo nobre gesto dos rapazolas que se insinuam nos gabinetes ministeriais.

Depois, observando a asneira em que se chafurdaram, mas só depois de decretarem a morte de mais uma quantidade considerável de estabelecimentos comerciais e de restauração, esses artistas entenderam por bem estender essa patética medida a todos os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, e a mais uns quantos espalhados pelo País, agora com o bónus de proibição de sair e de entrar aos fins-de-semana nessa zona onde habitam mais de três milhões de pessoas, num claro desprezo pelos direitos, liberdades e garantias dos portugueses, consagrados constitucionalmente.

Claro que ao fim de algum tempo foram levados a concluir que essa proibição de livre circulação não serviu para coisa alguma, mas, entretanto, lixaram a vida  a mais umas dezenas de milhares de pessoas, condenando-as à falência e à depressão, sem que dessa irresponsabilidade tenham resultado quaisquer consequências para os culpados.

Mais tarde, e em nova e descarada violação do direito de circulação que a Constituição estipula como podendo ser condicionado somente através de um estado de emergência, decretaram o recolher obrigatório para mais de metade da população portuguesa, para além da obrigatoriedade do certificado sanitário acima referido.

Agora, se uma família quer ir a um restaurante todos os seus elementos têm que estar vacinados ou testado, apesar do contacto com terceiros ser quase inexistente, mas num transporte público podemos andar todos em cima uns dos outros que não se passa nada. Nesses espaços, ainda por cima fechados, ao que parece o vírus não circula!

Num alojamento local, em que os hóspedes estão sozinhos numa casa, sem conviver com absolutamente ninguém, as vacinas têm que estar em dia, mas num autocarro de passageiros, numa viagem que pode demorar várias horas, levamos com um desconhecido sentado ao nosso lado, ignorando por completo se ele está infectado e quais as regras de higiene que habitualmente adopta.

É o alastrar da loucura pelos corredores governamentais, densamente povoados de imberbes incompetentes e desmiolados, que numa empresa digna desse nome nem passariam pelo crivo da portaria, mas que no Estado encontram pouso numa qualquer cadeira de poder, chegando mesmo a secretários de estado e a ministros sem saberem ler nem escrever.

E o perigo é que essa gente manda, decide os destinos da vida de milhões de pessoas, sem saberem sequer cuidar de si próprios.

Estamos entregues à bicharada. Mas uma bicharada que nem num jardim zoológico lhe veria concedido o direito de admissão, por manifesta incapacidade de adaptação à vivência em comunidade.

   

Pedro Ochôa