Camas da aldeia olímpica feitas de cartão: sustentáveis ou forma de proibir relações sexuais?

Para os atletas, estas camas são um impedimento para um relacionamento mais íntimo entre os desportistas. Já para a organização, esta escolha é uma forma de desenvolver uma prática mais sustentável nas instalações da aldeia olímpica no Japão, e que não deixará os atletas a dormir no chão. 

As camas montadas na aldeia dos Jogos Olímpicos (JO) no Japão têm causado várias reações por parte dos atletas, uma vez que estão a dormir em camas com uma estrutura feita de cartão.

Esta decisão da organização japonesa levou a que muitos atletas partilhassem na rede social Twitter as camas que, para alguns, serve como forma de impedimento para relações sexuais.

O medalhista olímpico de prata e corredor norte-americano Paul Chelimo foi um dos atletas que expôs no Twitter fotografias das camas, ao afirmar que estas visam a “evitar a intimidade entre os atletas”, tendo também em atenção a prevenção da disseminação da covid-19, que não tem dado tréguas no interior da bolha olímpica.

Chelimo ainda brincou com a situação, ao dizer que os atletas devem ter cuidado para não molharem a cama, caso contrário irão acabar por dormir no chão.

Ainda que as envolvências mais íntimas entre os atletas nas aldeias olímpicas sejam alvo de uma certa notoriedade – nos JO no Rio de Janeiro, foi superado o recorde de 450 mil preservativos entregues aos atletas –, as camas de cartão não foram pensadas para ser à prova de sexo, mas que seguissem uma medida mais sustentável.

Segundo a organização, as camas feitas com materiais renováveis fazem parte do plano de sustentabilidade dos JO, que tem como objetivo assegurar um ambiente consciente e ecológico no evento.

Esta é a primeira vez na história dos JO que os atletas dormem num tipo de cama com esta estrutura. São capazes de aguentar com peso até 200 kg. De acordo com os dados indicados pela Euronews, o peso médio de um atleta no JO no Brasil era de 72kg, havendo assim uma possibilidade destas camas suportarem pelo menos duas pessoas.

"As camas de cartão são na verdade mais fortes do que as feitas de madeira ou aço", disse Airweave, a empresa japonesa que forneceu camas e colchões para o evento, numa declaração, citada pela Euronews.

O ginasta irlandês Rhys McClenaghan já desmitificou a resistência das camas, ao pôr à prova a estrutura, pulando em cima da mesma.

No vídeo partilhado no Twitter, o ginasta disse que "aparentemente”, as camas “estão destinadas a partir-se em quaisquer movimentos bruscos", porém McClenaghan assinalou de imediato, enquanto saltava em cima do colchão: "É falso! Notícias falsas!".

A organização dos JO aproveitou a publicação do ginasta irlandês para agradecer o que fez para "desmascarar o mito", salientando que "as camas de cartão sustentáveis são robustas!".

Ainda assim, há quem não se tenha dado tão bem com as camas de cartão. O andebolista português Miguel Martins contou que quando apertou os atacadores, entortou ligeiramente um canto da cama, porém o atleta admitiu que a cama é "confortável".