Novos casos de covid-19 concentram-se entre os 20 e os 29 anos

Lisboa e Vale do Tejo regista o número mais elevado de novos casos e também de óbitos nas últimas 24 horas. Dos 3.622 novos infetados, 919 têm idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos.

Apesar de o primeiro-ministro ter explicado que prevê a “libertação total da sociedade” no fim deste verão, com o alcance da imunidade de grupo no combate à covid-19, esta quinta-feira, após o Conselho de Ministros, a ministra da Presidência focou-se na transmissão “menor do que nas últimas semanas”. Ainda que seja claro que as restrições deverão ser aliviadas na próxima semana, depois de os especialistas serem ouvidos, como habitualmente, por enquanto mantêm-se iguais àquelas que foram impostas recentemente.

Mariana Vieira da Silva revelou que “o vermelho é menos denso do que era há umas semanas”, mas não deixou de referir que “há muitos concelhos acima da incidência de 120 casos por 100 mil habitantes”. Atualmente, o país tem 29 concelhos em situação de alerta, 56 com risco elevado – mais 12 que na semana anterior -–  e outros 61 estão com risco muito elevado – mais 15 do que no balanço anterior. “Temos hoje 116 concelhos em risco elevado e muito elevado”, resume, comparando com os 90 anteriores.

A incidência voltou a registar um novo máximo -– desde que começou a ser divulgada, a 15 de março –  por 100 mil habitantes: 409 no território nacional e 421,3 no Continente. A seu lado, o R(t) – índice de transmissibilidade – tem vindo a descer há duas semanas, pois estava em 1,20 a 7 de julho e agora situa-se nos 1,09 na globalidade do território nacional e no Continente.

 

Novos casos concentram-se entre os 20 e os 29 anos

Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quinta-feira, Portugal registou, nas últimas 24 horas, 3622 novos casos de covid-19 e 16 mortes associadas à doença. Lisboa e Vale do Tejo é a região que assinala o maior número de novas infeções: 1606 ou 44,3% do total do boletim, a percentagem mais elevada dos últimos oito dias, tendo sido na mesma que ocorreram nove mortes. Segue-se o Norte com 1314 novos infetados – 36,28% do total – e quatro óbitos.

O Algarve registou 335 novos casos (9,25%), e duas mortes o Centro 218 (6%) e uma morte, o Alentejo 71 (1,96%) e os Açores 45 (1,24%), mas nenhuma vida perdida. Assim, verifica-se que a única região a assinalar mais casos do que na quarta-feira foi a Madeira, com 33, o correspondente a apenas 0,91% do total nacional.

Já no que diz respeito ao total de novos casos, 328 correspondem a crianças entre os 0 e os 9 anos, 533 a jovens entre os 10 e os 19 anos, 919 a jovens adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos, 649 a quem se encontra entre os 30 e os 39 anos, 526 a quem tem entre os 40 e os 49 anos, 300 aos adultos entre os 50 e os 59 anos, 166 estão entre os 60 e os 69 anos, 103 aos idosos entre os 70 e os 79 anos e 98 àqueles que se encontram na casa dos 80 ou mais anos.

De acordo com os dados veiculados pela DGS, morreu uma pessoa entre os 40 e os 49 anos, uma entre os 50 e os 59 anos, outra entre os 60 e os 69 anos e o maior número de óbitos registou-se na faixa etária entre os 70 e os 79 anos (cinco) e nos idosos com idade igual ou superior a 80 anos (oito).

Quanto aos doentes internados, a maioria continua a recuperar em casa e os internamentos desceram pela primeira vez na última semana: são menos sete, perfazendo o total de 860. Contudo, o panorama não é animador, na medida em que se constatou uma subida na quantidade de doentes graves que estão nas unidades de cuidados intensivos, sendo mais sete em 24 horas e contabilizando-se um total de 178.

 

Portugal é exceção na vacinação

“O Governo sempre disse que o momento em que uma percentagem muito significativa da sua população tivesse duas doses de vacina seria um momento de mudança de políticas. Aproximamo-nos desse momento. É tempo também de ouvir os especialistas e depois de tomar as decisões”, afirmou Mariana Vieira da Silva.

Esta declaração da dirigente alinha-se com o facto de que o ritmo de vacinação está a abrandar em países como a Hungria, a Alemanha e França, mas continua a subir em Portugal. Por este motivo, na terça-feira, respondendo às perguntas dos jornalistas, em Vila Real, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force de vacinação contra a covid-19, explicou que a inexistência de vagas para auto-agendamento em alguns concelhos prende-se com o facto de as vacinas não serem “ilimitadas”.

Gouveia e Melo reconheceu que “as vacinas que existem são postas nos centros de vacinação (CVC) para que os portugueses possam ser vacinados”, adiantando que “as pessoas que chegaram primeiro ao auto-agendamento estão à espera de serem vacinadas” e adicionando que “depois dessas pessoas serem vacinadas, abrirão outras vagas para outras pessoas serem vacinadas”.

Recorde-se que, no passado dia 16 de julho, o Ministério da Saúde anunciou que já foram administradas 10 milhões de doses contra a covid-19, das quais cerca de 6 milhões correspondem a primeiras doses e cerca de 4 milhões a pessoas com o esquema vacinal completo. Neste momento, já são 10 milhões e 779 mil, correspondendo 6 milhões e 409 mil à primeira dose e 4 milhões e 370 mil à inoculação completa.

Desde março de 2020, as autoridades de saúde já identificaram 943 244 casos, 17 248 mortes e mais de 873 mil. Há ainda 81 377 contactos em vigilância, o que corresponde a mais 1835 face ao dia anterior.