PCP ameaça votar contra relatório do NB

Os comunistas não vão dar a luz verde ao relatório preliminar ao Novo Banco, por não responsabilizar os Governos do PSD/CDS e PS.

O deputado comunista Duarte Alves dedicou-se, na sexta-feira, à apresentação das alterações propostas pelo PCP ao relatório final da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar sobre as perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução. São 16 propostas de alteração ao relatório elaborado pelo deputado socialista Fernando Anastácio.

A maior falha, apontam os comunistas, está «na ausência de uma responsabilização política dos Governos do PSD/CDS e do PS nas decisões que foram tomadas relativamente ao Novo Banco», garantindo os mesmos que o PCP não votará a favor de «um relatório que isente os governos tanto do PSD/CDS na resolução fraudulenta, como do PS na privatização ruinosa, que em conjunto levaram que os portugueses tenham já enterrado perto de 8 mil milhões de euros no Novo Banco».

Duarte Alves não poupou nas críticas ao relatório, e à alegada «isenção» dos governos PSD/CDS e do PS. «A ideia que passa deste relatório é que os Governos, tanto do PSD como do PS, foram como que obrigados a tomar as decisões então assumidas, que seriam as menos más em face das circunstâncias que lhes seriam externas», alertou o deputado, antes de ameaçar que, aprovada a versão final do relatório, com discussões e alterações feitas, se o mesmo «mantiver uma linha de desresponsabilização política dos Governos», o PCP não dará luz verde.

Também o PSD anunciou o voto contra, acusando que a parte do relatório em questão sobre o apuramento dos factos «não tem emenda». Os social-democratas vão apresentar também várias alterações ao relatório. «Pretendemos que estas conclusões possam vir a ser aprovadas. Estão escritas em linguagem factual para que outros partidos se revejam nelas. Não temos grande esperança que o PS se reveja porque a sua preocupação não é a verdade», revelou o deputado social-democrata Duarte Pacheco.

Já o Bloco de Esquerda propôs 60 alterações, dizendo que o relatória peca «por erro ou por omissão», para além de ser «parcial» sobre a ação do Governo socialista, propondo cerca de 60 alterações.

A discussão e votação sobre o relatório final vai ser feita a 26 e 27, depois de um adiamento aprovado na última terça-feira.