Montepio contrata Bison Bank para vender Groundforce

Banco de investimento chinês vai organizar leilão para vender 50,1% das ações da empresa de handling. Ministro acredita que desfecho está para breve e garante solução alternativa. 

O Montepio contratou um intermediário financeiro para vender as ações que detém na Groundforce, libertando a direção de recuperação de crédito do banco liderado por Pedro Leitão de ter essa responsabilidade, apurou o Nascer do SOL. O banco de investimento chinês Bison Bank  (que ficou com a licença bancária Banif – Banco de Investimento) tem em mãos a organização de um leilão das  ações da Groundforce detidas pelo empresário Alfredo Casimiro, que estão penhoradas. O nosso jornal sabe que o banco de investimento já recebeu propostas não vinculativas pela participação de 50,1%.

Trata-se de uma corrida a contrarrelógio, já que o ministro das Infraestruturas garantiu esta semana, no Parlamento, que está convencido que esta venda de ações está para breve e, com isso, a saída de Alfredo Casimiro dos comandos da empresa de handling. «Estamos a acompanhar e temos a expectativa de que o processo de venda por quem tem o direito de vender seja concluído com sucesso e isso significaria a entrada de um sócio com capacidade financeira para podermos iniciar uma vida de estabilidade», referiu Pedro Nuno Santos, acrescentando que, «se o Montepio não conseguir proceder à venda, o Estado ou a TAP encontrarão uma solução».

E lembrou que o Governo tem estado a trabalhar uma solução e que só foi «suspensa para dar oportunidade a que o processo de venda se realizasse», o que até à data ainda não aconteceu.

O governante esclareceu ainda que só não avançou com a nacionalização da Groundforce – tal como fez com a Efacec – para evitar «o risco de litigância», dada a complexidade destes processos, o que poderia conduzir ao pagamento de uma indemnização.

 

Greve suspensa, mas não para todos

Depois do caos no fim de semana passado devido à greve dos trabalhadores da Groundforce, que levou ao cancelamento de mais de 600 voos e afetou milhares de passageiros – uma situação que levou Pedro Nuno Santos a considerar uma injustiça responsabilizar a TAP pela greve dos trabalhadores e ao presidente da Confederação do Turismo de Portugal a falar em acontecimento «dramático» –, o Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA) desconvocou a greve que estava marcada para os dias 31 de julho e 1 e 2 de agosto.

Esta decisão surgiu depois de ter sido encontrado um compromisso com o Governo, que garante que serão pagos os subsídios de férias e as anuidades vencidas antes do processamento salarial de julho para todos os trabalhadores da empresa.

Recorde-se que, esta quarta-feira, o Ministério das Infraestruturas anunciou que a TAP vai pagar diretamente aos trabalhadores da empresa de handling o valor correspondente ao subsídio de férias e às anuidades em atraso, «sem que disso dependa a vontade ou aceitação de quem tem o controlo da Groundforce».

Mas, apesar do STHA ter desconvocado a greve, outras estruturas sindicais vão manter a paralisação.  «O STTAMP e o STAMA manterão os avisos prévios de greve em vigor para a Groundforce até à data em que os pagamentos forem efetivamente concretizados, visto que num passado recente estes dois sindicatos já teriam chegado a acordo para o pagamento do subsídio de férias, tendo o mesmo sido recusado por parte de Alfredo Casimiro que, apesar das mudanças iminentes da estrutura acionista, à data de hoje ainda é o presidente do conselho de administração», referem em comunicado.

Também o presidente executivo da ANA afirmou que a situação vivida no fim de semana passado nos aeroportos não poderia repetir-se e considerou impossível atrasar mais a revogação da licença de ocupação. «Sabemos das grandes dificuldades dos trabalhadores, mas este tipo de situações [vividas no passado fim de semana] não se pode repetir sob pena de, neste contexto de fragilidade, levar para as mesmas dificuldades muitas empresas que precisam da operação deste verão para sobreviverem», referiu Thierry Ligonnière.

Em causa está a revogação de uma licença de ocupação da Groundforce, alegando que a empresa de handling deve 769,6 mil euros em taxas de ocupação. Neste projeto de deliberação da comissão executiva da ANA, o grupo explica que, enquanto concessionário do serviço público aeroportuário, está a seu cargo «o licenciamento da ocupação e do exercício de atividades e serviços em bens do domínio aeroportuário incluídos no âmbito da concessão», assim como todos os atos que dizem respeito «à execução, à modificação e extinção de licenças».

 

Porquê este impacto?

Sendo a TAP acionista da Groundforce é inevitável que a companhia aérea recorra à empresa para prestar os serviços de handling. Aliás, para minimizar os impactos da paralisação que ocorreu no fim de semana passado, a empresa de aviação esclareceu que o passageiro pode solicitar o reembolso da viagem.

 Já se adquiriu o bilhete através de uma agência de viagens, a TAP aconselha a entrar em contacto com a mesma. No entanto, se ainda não souber onde está a bagagem e o destino final não é Lisboa ou Porto e se ainda não dispõe de número de processo de bagagem perdida, a TAP pede que aceda ao site da companhia aérea.

Mas a Groudforce não é a única que atua nos aeroportos nacionais. A Portway – resultado de uma  joint-venture entre Fraport AG e ANA, Aeroportos de Portugal –também presta serviços de handling em Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Beja, contando com mais de 80 companhias aéreas como suas clientes, com forte aposta nas companhias low-cost. Isso significou que os passageiros com viagens marcadas para estas companhias não foram afetados pela paralisação.