Dia dos Avós

Por Nélson Mateus e Alice Vieira

Querida avó,                                                                                      

Hoje dia 26 é Dia dos Avós. Aliás, devido ao trabalho que tenho feito sobre este tema no site Retratos Contados, nos últimos anos, sou frequentemente solicitado para, nesse dia, ir à TV e à Rádio falar do trabalho que desenvolvo pela valorização da ligação entre avós e netos.

O Papa Francisco institucionalizou no início deste ano o Dia dos Avós.

Esta celebração será realizada, no quarto domingo de julho, próximo à festa de S. Joaquim e Sta. Ana, avós de Jesus, e permitirá recordar e celebrar o dom da velhice e daqueles que, antes de nós e para nós, guardam e transmitem a vida e a fé.

Ou seja, uma data bem próxima daquela que em Portugal já se assinala o dia.

O Dia dos Avós, em Portugal, é uma comemoração ‘recente’. Foi promulgada pela Assembleia da República no dia 4 de Junho de 2003. Faz este ano 18 anos.

Mas foram necessários muitos anos, mais precisamente 17, para que isso fosse possível, e graças à luta persistente de D. Aninhas, uma avó de Penafiel.

Já não tenho avós de sangue há cerca de 35 anos. No entanto, ainda hoje recordo o avô João, a avó Victória, o avô Bartolomeu (que gostava de ser tratado por avô Alberto) e a avó Clementina. As pessoas analfabetas mais inteligentes que conheci. Tanto que aprendi com eles. Existem princípios que herdei dos avós, que ainda os emprego no meu dia-a-dia.

Talvez, devido a esses princípios, hoje seja tão feliz a fazer o que faço nos Retratos Contados.

«O sucesso de uma pessoa mede-se pela quantidade de vidas que essa pessoa mudou para melhor».

É isso que faço diariamente com a ‘Biblioteca de avós’ que estou a criar.

Que bom que é hoje ser ‘Neto Adotado’ por tantos avós. O bem que me faz ‘o teu colo’, e o do Ruy de Carvalho e tantos outros. Que privilégio o meu ser ‘vosso neto’.

Sei que o tema ‘avós e netos’ é um tema que te agrada muito.

Obrigado por seres minha avó.

Feliz Dia dos Avós.

Beijinhos.

 

Querido neto,

Dentre todas as qualidades que o mês de julho traz consigo (as férias serão, possivelmente, as melhores de todas…) uma que nos deve também mobilizar é a celebração do Dia dos Avós.

Se desde tempos imemoriais se festeja o Dia do Pai e o Dia da Mãe, por que razão não se deveria festejar o Dia dos Avós?

Quando se fala do ‘Dia dos Avós’ é assim um pouco como se falássemos do Dia da Mãe, ou Dia da Criança, existe, e ainda bem que existe, mas ninguém se preocupa em saber como é que ele chegou até nós.

Realmente, se nos últimos 17 anos celebramos esse dia em Portugal é graças à resiliência e persistência de D. Aninhas de Penafiel.

Nascida em 1926, Ana Elisa do Couto Faria cedo percebeu o valor  dos mais velhos na vida dos mais novos — como transmissores de cultura, de história, de valores. E como mesmo as normais relações diárias entre avós e netos eram importantes porque, como dizia muitas vezes, «é mais importante pedir conselhos do que dá-los». E como por tudo isso o país se devia empenhar em ter, oficialmente, um Dia dos Avós.

Contactou grandes figuras da Igreja, políticos, deputados, ministros, presidentes da república, autarquias, artistas, escritores, atletas, comunicação social.

Ela correu o país de lés a lés a colar cartazes e a falar com as pessoas.

Até que finalmente, no dia 4 de Junho de 2003, a Assembleia da República promulgava oficialmente o dia 26 de Julho — Dia de S. Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus — o Dia Nacional dos Avós

«Valeu a pena» – foi o que disse ao receber a notícia.

D. Aninhas ainda festejou essa data com os seus netos durante três anos. Depois de um AVC que a deixou inativa, morreu em 2007.

Hoje as avós, tal como as mães, trabalham fora de casa, têm namorados, gostam de viajar, têm os seus grupos de amigos, gostam de ter tempo para o que querem e, muitas, não estão para ser avós a dias… Mas, por isso mesmo, é bom que sejam lembradas.

Beijos