Diana foi vítima de uma tentativa de violação há dois anos. Agora, precisa de angariar dinheiro para fazer justiça

Há dois anos, a então estudante de Jornalismo escapou à agressão sexual de um membro da Marinha. 

"#nemmaisuma – vamos fazer justiça" é o mote que Diana Lemos, de 22 anos, escolheu para a campanha de crowdfunding que está a levar a cabo na plataforma Go Fund Me. A jovem sofreu uma tentativa de violação, em janeiro de 2019, quando se encontrava a dormir na residência de estudantes onde morava enquanto tirava a licenciatura em Jornalismo. "Quase 3 anos depois, vejo-me agora a caminho dos tribunais com o meu agressor, um integrante das patentes altas da marinha portuguesa. Será uma missão difícil, conseguir a condenação dele, mas não irei baixar os braços e, para isso, preciso da tua ajuda. Vi-me obrigada a dispensar o meu advogado do estado e a contratar um advogado privado que me custará aproximadamente 5500€ ao longo do processo", lê-se na descrição da campanha.

Depois deste episódio, a então estudante saiu de Lisboa e refugiou-se na casa dos pais durante um mês, "pois não estava em condições de ficar sozinha". "Durante vários dias não consegui ficar sozinha em nenhum momento, dormia muito pouco, mesmo tendo recorrido a comprimidos. Tinha de dormir de luz acesa, verificar se as portas e as janelas estavam trancadas, de pijama completo e com a roupa da cama presa de ambos os lados do corpo, de forma a conseguir estar quase “presa”. Foi um período muito difícil em que todos os movimentos mais bruscos de alguém me provocavam uma reação. Aqui os ataques de pânico eram recorrentes, mesmo em situações consideradas 'normais'", clarificou a rapariga, não deixando de frisar que, após esse período de tempo, regressou à capital, porém, viveu num "estado de alerta constante".

Por isso, não esconde que vive, há dois anos, com stress pós-traumático e partilha que, em agosto de 2020, deparou com a imagem do agressor, nas redes sociais, algo que consistiu num "pesadelo". No entanto, foi contactada pela Polícia Judiciária e fez o reconhecimento do indivíduo em causa. "Há dois anos sem ter um dia de descanso, em que as duas partes do meu corpo lutam entre si para se manterem vivas uma à outra. Dois anos a viver extremamente limitada pelo medo de que alguém me faça novamente mal, dois anos a reviver quase todos os dias na minha cabeça o meu maior pesadelo", explica, adiantando que não se recorda da maior parte daquilo que viveu entre os 15/16 anos e o dia em que foi vítima da tentativa de violação. "Não consigo me recordar de nenhuma dessas memórias, porque o meu subconsciente as bloqueou, por não ter força suficiente para lidar com elas. Mais duro do que lidar com o que sou e o que me tornei, é lidar com o que eu era e não conseguirei voltar a ser", confessa.

"A Diana precisa da nossa ajuda. E todas as ajudas contam. A Diana precisa de justiça. A Diana sofreu uma tentativa de violação. Precisamos de justiça para a Diana. Isto é algo que pode acontecer a cada uma e a cada um de nós! Em breve vamos chegar lá Diana!", escreveu, no Instagram, a ativista dos direitos humanos Francisca Magalhães de Barros, lançando a hashtag #justiçaparaadiana.

"Dois anos privada do meu verdadeiro eu, que possivelmente nunca voltará. Dois anos condicionada por gatilhos constantes, por ataques de pânico e de ansiedade. Dois anos de uma vida em constante alerta e com medo de que qualquer pessoa me volte a tentar violar", conclui Diana que, à data de fecho deste artigo, já havia arrecadado 1989 euros, necessitando de mais 3511 para atingir o seu objetivo.