Eu acredito em milagres!

Fiquei, realmente, preocupado esta semana ao ler uma notícia sobre um estudo da Comissão Europeia sobre o valor das reformas daqui a vinte anos. Parece que, segundo dizem, em 2040 os pensionistas terão como reforma cerca de metade do salário. Eu comecei a pensar: o que é que isto quer dizer? Depois comecei a fazer…

Fiquei, realmente, preocupado esta semana ao ler uma notícia sobre um estudo da Comissão Europeia sobre o valor das reformas daqui a vinte anos. Parece que, segundo dizem, em 2040 os pensionistas terão como reforma cerca de metade do salário.

Eu comecei a pensar: o que é que isto quer dizer?

Depois comecei a fazer as contas… É são simples! 

Eu recebo limpos setecentos euros por mês, o que quer dizer que é um pouco mais do ordenado mínimo. Quando há vinte anos comecei a ser padre recebia na altura cerca de quinhentos euros. Isto significa que, em vinte anos, a minha remuneração aumentou duzentos euros, donde posso inferir que nos próximos vinte anos – 2040 – terei uns novecentos euros.

Ora, essa é a altura em que eu serei reformado!

Continuei, então, a fazer as contas e verifiquei que à data da minha reforma eu estarei a receber uns novecentos euros e no dia seguinte receberei cerca de metade, ou seja, quatrocentos e cinquenta euros.

Eu não tenho problemas com o que irei receber… Estou como Abraão… Deus providenciará… no dia seguinte à reforma, Deus providenciará para mim. Não me preocupo, mesmo.

Eu acredito em milagres! Mas acredito em milagres, aqueles do céu! Que Deus manda lá do céu e muda tudo na terra. 

Pergunto-me, no entanto, se aqueles que nos governam na Europa, ao receberem este estudo, também acreditam em milagres do céu e se estão à espera que haja uma resposta do céu. 

Não me parece!

Eles sabem, hoje, como aliás há muitos anos do professor Bagão Félix tinha avisado que se não tivéssemos um sistema suplementar de reformas, o dinheiro não iria chegar. 

Mas há quantos anos este professor disse isso? Há muitos!

Ora, se sabemos que os nossos governantes europeus não acreditam em milagres – e eu também não acredito neste tipo de milagres – e sabem que daqui a vinte anos vamos ter a vida financeira dos nossos idosos reduzida a metade, do que estamos à espera?

Para os judeus, não ter filhos era como que uma maldição! Ser estéril era a pior coisa que podia acontecer a uma mulher… Abraão, aos setenta e cinco anos, estava frustrado de ainda não ter filhos.

Hoje, parece que ter um filho é mais semelhante a uma maldição do que a uma bênção. E se não queremos ter filhos, quem pagará ao sistema de pensões para pagar as nossas pensões? Quem o fará?

Não estará na altura de procurarmos uma forma de equilibrar as sociedades europeias e de as munir de um conjunto de leis que protejam a maternidade, a educação, a habitação?

Não será este relatório/estudo um aviso aos Estados Membros de que é necessário ajudar a que os jovens tenham estabilidade laboral para poderem casar (sim, ter um contrato estável)? Não será um alerta para que os governos providenciem habitação para todos e, de forma particular, para os jovens de forma acessível? Não será altura de começarmos a ter políticas de maternidade que estejam à altura do desafio?

Dou um exemplo flagrante do nosso sistema social. Se uma mulher tiver três filhos e os tiver num jardim de infância de uma IPSS, o Estado, em Portugal, dá várias centenas de euros à instituição para manter as crianças na creche ou no pré-escolar. Não seria melhor dar a possibilidade a que o pai ou a mãe ficassem em casa a tratar do seu filho em casa, atribuindo o subsídio a um dos pais?

Há situações em que o Estado paga mais às instituições para tomarem conta das crianças do que os próprios pais recebem de ordenado no final do mês.