Pierce Brosnan. De James Bond no ecrã a pintor de telas

O ator vai expor as suas obras, pela primeira vez, no final do ano em Los Angeles.

Ação, drama, romance, suspense, aventura… Pierce Brosnan, antigo James Bond e um dos nomes mais aclamados do cinema de Hollywwod, vai “saltar” do ecrã para as telas e finalmente cumprir o desejo de alguns dos seus fãs, amigos e sobretudo, da sua esposa, Keely Shaye Smith: dar a conhecer ao mundo os seus quadros.

Não é novidade que o ator e produtor irlandês “tem mão” para a pintura. Já há algum tempo que partilha, nas suas redes sociais, as fotografias dos seus quadros coloridos e vibrantes. A inspiração, revela, vem do francês Henri Matisse e do russo Wassily Kandinsky, nomes que, assim como Brosnan, usaram o jogo de cores como “imagem de marca”, nas suas peças. Contudo, só agora é que Brosnan viu o momento certo para as “libertar”: “Pondero, por vezes, se mostro ou não o trabalho que paulatinamente tenho praticado desde aquela noite escura em 1987, quando comecei a pintar. No entanto, como diz a minha querida esposa Keely: ‘Durante a tua vida, por mais [quadros] que pintes, nunca pintarás tudo’. Assim, no final do ano terei a minha primeira exposição de arte em LA. Se não fosse agora, quando seria? É hora de me libertar deles”, anunciou o ator no seu Instagram, no passado dia 18 de julho.

 

A pintura como terapia

Foi exatamente na mesma altura que começou a aparecer nos grandes ecrãs que Pierce Brosnan agarrou num pincel e começou a libertar o seu lado mais criativo através da pintura. Esse foi o escape e a sua forma de “terapia”, depois de ter ficado viúvo da sua primeira mulher, a atriz australiana Cassandra Harris, que faleceu vítima de cancro nos ovários, em 1991, aos 43 anos. Um doloroso episódio que se repetiria anos depois, em 2013, quando a mesma doença também acabou com a vida de Charlotte, filha de Harris e do seu ex-marido, de quem o artista cuidava como se fosse sua.

Quando refere “aquela noite escura em 1987”, Brosnan faz referência ao momento em que o casal soube da doença: “Comecei a pintar em 1987, quando a minha falecida esposa teve cancro. Eu pintava porque estava em sofrimento, e agora a dor, às vezes, vem em cores”, explicou num leilão de caridade, em 2018 , onde vendeu um dos seus quadros – um retrato de Bob Dylan. Desde então que as telas e pincéis lhe oferecem “uma grande sensação de conforto” que foi amadurecendo com o passar do tempo. “Vou para o estúdio todos os dias, mesmo que seja apenas para limpar os pincéis ou mover as tintas”, contou em entrevista à revista semanal norte-americana People.

 

O “Retrato” de Bob Dylan

Em 2020, numa entrevista ao Daily Mail, Brosnan já havia revelado os seus planos de fazer uma exposição em Santa Monica, Califórnia. Contudo, em consequência da pandemia da covid-19, os planos saíram “furados”. Nessa mesma entrevista, o ator adiantou que a sua atual esposa teve um documentário exibido no Festival de Cinema de Cannes e, quando os organizadores descobriram que que ele pintava, sugeriram-lhe que leiloasse uma obra sua para a amFAR – uma instituição de caridade que apoia a investigação sobre a sida. E foi exatamente isso que aconteceu: “Optei por fazer uma pintura do Bob Dylan, um grande herói para mim”, contou. “Foi vendido por 1,4 milhões de dólares (1,1 milhões de euros) e eu e a Keely passámos o resto da noite a dançar e a aproveitar”, recordou o ator. E acrescentava que, se fosse tudo tão fácil como vender um quadro e dançar pela noite fora com a sua mulher, “definitivamente desistiria da representação”.