Infarmed. PS fala em alívio de restrições, PSD pede alteração de matriz

Depois da mais recente reunião de especialistas na sede do Infarmed, os partidos com assento parlamentar expressaram as suas preocupações com as conclusões desta reunião.

Dois meses depois da última reunião entre especialistas e responsáveis políticos para discutir os mais recentes desenvolvimentos da pandemia da covid-19 em Portugal, o Infarmed voltou a receber o concílio, e as reações foram variadas. Marcelo Rebelo de Sousa, que se mostrou “irritantemente otimista”, realçou a vacinação como a principal prioridade neste momento, durante a reunião.

O Partido Socialista, pela voz do seu secretário-geral, abriu a porta ao alívio de medidas restritivas. Com os resultados positivos da vacinação nacional, argumentou José Luís Carneiro, “é menor o recurso aos cuidados hospitalares e aos cuidados continuados, sendo também evidente uma redução do número de óbitos”, o que o leva a afirmar que “há condições para começarmos a aliviar algumas das medidas restritivas, embora fazendo-o com elevado nível de responsabilidade”.

Falando especificamente das medidas de restrição de horário no setor da hotelaria e da restauração, o socialista defendeu que “desde que sejam acompanhadas por medidas não farmacológicas – ou seja, por medidas de contenção individual e coletiva –, é possível aliviar algumas delas”, mas “o Conselho de Ministros é que vai decidir”.

Também o CDS-PP admitiu “que não é possível responder ao país com mais medidas restritivas”. Tomando como base os dados apresentados na reunião no Infarmed, Cecília Anacoreta Correia, porta-voz do CDS-PP, num vídeo enviado aos jornalistas, defendeu o alívio das medidas restritivas, afirmando que “mais um verão sem verão significa o fecho de muitos negócios, significa perspetivar o futuro com dívidas e desemprego para muitas famílias”. “Ora, isto também mata e também destrói a saúde de muitos de nós”, concluiu.

PSD quer nova matriz   Já o PSD, pela voz de Ricardo Baptista Leite, vice-presidente da bancada social-democrata, tomou como bandeira a alteração da matriz de risco utilizada pelo Governo. Os social-democratas pediram ao Executivo que avance com a alteração, defendendo que “há um reconhecimento por parte dos especialistas de que não podemos continuar a responder à pandemia em julho de 2021 como respondíamos em março de 2020”.

“O PSD espera que as recomendações dos especialistas sejam refletidas rapidamente no Conselho de Ministros e em articulação com os vários setores da economia”, frisou Baptista Leite, realçando que ainda “há um verão inteiro pela frente”.

Sobre a vacinação dos jovens, o PSD defendeu que “deve haver uma campanha clara, transparente, com base na ciência que explique quais os dados para sustentar uma eventual vacinação dessa população”. Baptista Leite argumentou que “o que não pode acontecer é anunciar que se vai avançar para a vacinação sem tranquilizar os pais que, neste momento, vivem com dúvidas importantes”.

Sobre o possível alívio de algumas medidas restritivas, o vice-presidente da bancada social-democrata remeteu para as recomendações dos especialistas: “A alteração da matriz altera uma série de indicadores, que evitará que sejam impostas medidas restritivas numa fase precoce”.

Chega e PCP querem fim das restrições   André Ventura, líder do Chega, apelou ao Governo para que abra estabelecimentos como bares e discotecas, que estão fechadas desde o início da pandemia, e para pôr um fim às restrições de horários impostas na restauração, comércio e serviços.

Também o PCP, pela voz de Jorge Pires, apelou a que “se liberte a vida das famílias de restrições injustificadas e se tomem medidas de dinamização da atividade económica, social, cultural e desportiva”, e que o país “deixe de viver em função do horror dos números”.

Sobre a vacinação de jovens entre 12 e 16 anos antes do início do ano letivo, no entanto, André Ventura não tomou uma posição definitiva, admitindo ser “uma possibilidade” para “um ano letivo mais seguro”. “Não gostaria de o fazer sem ter pareceres muito profundos e consensualizados da comunidade científica sobre o impacto da vacinação”, ressalvou.

Eleições em setembro?   Também as eleições autárquicas estiveram na agenda, com o PS a defender que sejam marcadas já em setembro, para evitar que se realizem no inverno. “Como hoje se pôde ouvir por parte de um dos responsáveis de saúde pública, o inverno comporta um acréscimo de perigosidade (cerca de 30%) em relação ao contágio. Isto mostra bem que a decisão de termos eleições autárquicas o mais cedo possível – o mais próximo do verão possível – encontra fundamento e respaldo na própria opinião da comunidade científica”, defendeu José Luís Carneiro.