Ana Bárbara Pedrosa. A escritora irónica e teimosa que “está sempre a tentar superar-se”

Aos 31 anos, já lançou as obras ‘Lisboa, chão sagrado’ e ‘Palavra do Senhor’ e é encarada, pela crítica, como uma das maiores vozes da nova geração literária portuguesa. Bem-vindos ao mundo da jovem que encara a escrita como um ofício.

Ana Bárbara Pedrosa. A escritora irónica e teimosa que “está sempre a tentar superar-se”

Cresceu entre livros e, quando ainda mal sabia ler, sentava-se num pequeno banco, a um canto da Livraria Dimas, que pertencia ao avô paterno, a ler o que encontrava. “Passava muito tempo sozinha, porque a minha mãe trabalhava e chegava a casa às onze da noite, e entretinha-me a ler. Posteriormente, descobri a biblioteca municipal e fiz dela a minha segunda morada oficial”, conta Ana Bárbara Pedrosa, indo ao encontro da perspetiva que a mãe – Ju Martins, de 58 anos – narra.

“Lia-lhe histórias e ela era insaciável. Havia alturas em que ficava cansada e começava a inventar pelas imagens. Ela dizia-me ‘Não me contaste a história como ontem’”, recorda a distribuidora de alimentação no Hospital de Guimarães. “Era sempre tão repetitivo, mas ela percebia que eu estava a enganá-la. Memorizava metade das coisas e inventava o resto. Quando a Ana Bárbara aprendeu a ler, foi uma alegria por saber que podia fazê-lo sem mim”, diz com um timbre agridoce aquela que ainda encara a autora de Lisboa, chão sagrado e Palavra do Senhor como uma menina. “Criei a minha filha sempre no meu colo, agarradinha a mim”, sublinha.

Agora, a mais de 300 quilómetros de casa, num apartamento espaçoso de uma rua da capital, Ana Bárbara Pedrosa faz-se acompanhar de largas estantes brancas preenchidas por livros organizados de forma meticulosa. “Ela tem muito talento para a escrita, mas zero jeito para trabalhos manuais. Até já montou uma estante ao contrário”, diz em tom jocoso uma das melhores amigas, Andreia Meijinhos, de 30 anos, que a conheceu há cerca de cinco.

As jovens começaram a falar por intermédio de amigos em comum e, dias depois, Andreia ensinou Ana Bárbara a andar de mota. “A partir daí, nunca mais nos largámos. Costumo dizer que, apesar de andar de scooter, é uma motard exímia”, afirma, com ironia, evocando a recordação mais peculiar que justifica o facto de, em circunstância alguma, ativar o modo silencioso do telemóvel.

“Ela tinha começado a andar de mota há pouco tempo. Costumo ter o telemóvel em silêncio quando estou a descansar. Acordei de manhã e tinha uma data de chamadas não atendidas. Liguei-lhe aflita. Tinha-se espalhado”, recorda, constatando que “foi para o hospital, ficou com o joelho em mau estado e precisou de pontos”. Segundo Andreia, Ana Bárbara dirigiu-se ao hospital e, na receção, disse “Isto aconteceu, mas não sei bem se é suposto estar aqui”. Obtendo como resposta “Só está aqui se quiser”, achou que talvez “a ferida” fosse caso de centro de saúde. Lá, disseram-lhe logo que o caso exigia cuidados hospitalares. “Fomos ao Santa Maria e era um caos para estacionar. Disse ao segurança que ia parar só para ela sair. Ele ajudou-a, tão preocupado que até a puxou do carro, e ela foi logo atendida. Levou um monte de pontos no joelho. E, desde aí, tenho sempre som no telemóvel”. Já Ana Bárbara tem uma cicatriz para a vida.

O primeiro livro “para adultos” que a autora leu foi O Estrangeiro, de Albert Camus. Quando estava a devolver o livro à prateleira, pensou “Que livrinho engraçado”. Volvido algum tempo, viu o pai a ler o livro e perguntou-lhe porquê. Afinal, achava que o livro era para crianças. “Não devo ter percebido bem o livro – ou nada –, mas o desconcerto daquilo ficou a fazer eco”, reconhece a então menina que se deitava, à noite, e não perdia nem que fosse um parágrafo, lendo atentamente sob a luz de uma lanterna.

Relativamente à obra que mais impacto teve no seu percurso e na formação enquanto escritora, reconhece que “é difícil fazer um ranking”, mas escolhe Viver Para Contá-la, de Gabriel García Márquez, que leu “obsessivamente”. “É um livro de memórias em que o autor foca muito a escrita e o caminho que trilhou. Fala muito das influências que teve e li todos os livros que referiu. E gostei da forma como fala da literatura, da escrita como ofício, um trabalho a sério – não a fantasia de um talento intransponível que faz tudo sozinho. Li-o pela primeira vez com 14 ou 15 anos. Como não tinha amigos que lessem ou escrevessem, o livro foi uma espécie de parceiro”.

“Mesmo na escola primária, através das composições que fazia, via-se que tinha muito jeito para escrever. As professoras diziam que sabia escrever muito bem. Primeiro, muito pequena, dizia que queria ser juíza e escritora. Eu respondia que ela não sabia o que queria. Por outro lado, as pessoas garantiam que ia ser escritora ou jornalista”, afirma a mãe. Porém, aos 18 anos, a jovem decidiu enveredar pela licenciatura em Línguas Aplicadas na Universidade do Minho.

O motivo foi “ingénuo”, mas achou que, tratando-se do curso com mais línguas estrangeiras na estrutura curricular, “quantas mais línguas falasse, mais literatura teria disponível”. No entanto, apercebeu-se de que não gosta de ler noutras línguas. “Falo inglês fluentemente, mas a relação que tenho com o texto literário em inglês é a mesma que a de qualquer pessoa que não goste de ler. Sinto uma distância emocional demasiado grande, o texto transforma-se só em instrumento de ação ou veículo de sentido”.

No primeiro ano do percurso académico, os colegas e professores estranhavam que não estivesse a estudar Literatura. Na altura, “a ideia de ter as leituras disciplinadas quebrava o encanto dos livros”. No final do primeiro ano, ganhou uma bolsa Fulbright, tendo estado na Drexel University, na Pensilvânia, nos EUA, durante mês e meio.

“As aulas não foram nada de especial, mas conheci lá o meu parceiro de viagens”, conta, referindo-se a Mehdi Nadif, com quem já percorreu aproximadamente 30 países e serviu de inspiração para o texto Viagens com o Mehdi, publicado na revista LER.

“A partir daí, também deu para perceber que o mundo não era uma coisa assim tão distante. Foi a segunda viagem internacional que fiz, tinha ido a Londres no ano anterior. Como sou do Minho, ir à Galiza não conta como ir ao estrangeiro”, afirma. “E, de repente, estava nos EUA, voltei, e logo a seguir fui a França e à Suíça. Fiquei com vontade de viajar e a gostar muito desta ideia de descentralização e de me sentir anónima num lugar qualquer”.

“Vim para Lisboa e ainda cá estou”, realça a jovem que, em 2012, ingressou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas para tirar o mestrado em Estudos Portugueses. “Havia desconto nas propinas para quem tinha média de licenciatura superior a 16 valores – era uma condição muito pragmática – e estava entre Guimarães e Braga a sentir a necessidade de estar deslocada num sítio que não conhecia e fazê-lo meu”.

Sob a orientação científica do escritor Nuno Júdice, obteve 18 valores com a dissertação O amor e a rejeição de Eros em Folhas Caídas de Almeida Garrett. O tema do trabalho final foi escolhido com facilidade. Afinal, este livro era uma das suas “grandes obsessões” da infância, tendo-o lido, todos os dias, “de uma ponta à outra”, enquanto frequentava o 6º ano do Ensino Básico. “Cheguei a saber o livro de cor. Na universidade, quis trabalhá-lo por ter uma relação muito próxima com ele. Acho muito difícil transpormos um livro de 1853 para a atualidade, principalmente, em termos estéticos. Gosto muito do Garrett e da forma como ele escreve, do modo como usa a rima, daquela sonoridade rítmica, mas não é o tipo de escrita que quero ter”, afirma, julgando que, “a partir de uma certa altura, é muito difícil estabelecermos essas influências”.

“A influência do Garrett existe enquanto leitora e potencial de literatura, ao perceber o que é possível fazer com uma série de ferramentas. Em Folhas Caídas, conseguiu juntar o suposto romantismo à ironia, introduziu uma série de facadinhas de amante ressabiado. Gosto disso, e de usar a ideia de coisa traída, de pequenas vinganças e cinismos na literatura, a ideia de coisa escura que existe nas pessoas”. Esta perspetiva é confirmada por Ju Martins, que afirma que a filha “tem um sentido de humor muito apurado”, e também por Andreia, para quem o traço principal da amiga e que “transparece muito nos livros é a ironia”. “Acho que não precisa de se esforçar nada porque ela é mesmo assim. Para quem não a conhece, pode passar como uma certa antipatia. Sabe fazer piadas.”

“Uma das coisas que me fascinam mais nela é o sentido de humor. É muito peculiar, próprio e mordaz. Sou igualmente mordaz, mas sem a capacidade de transformar isso em humor. Sou apenas a pessoa que está sempre a reclamar. Ela consegue desarmar os outros, até por não perceberem se está a falar a sério ou a brincar”, refere Sandra Cunha, de 48 anos, sobre Ana Bárbara.

Em retrospetiva, Ana Bárbara Pedrosa aceita as opções literárias que tomava na infância, mas não deixa de se rir. “Quando escrevia poemas, fazia-o de uma forma quase camoniana. Usava a palavra ‘asinha’, por exemplo. Anacrónico, mas era a influência que tinha. E, quando descobri a questão da métrica, gostei da ideia da fórmula e do encaixe, e só escrevia assim. Era uma questão de teimosia”. Por exemplo, quando fazia um teste de Português e lhe era pedido que escrevesse prosa, não recusava a tarefa, mas escrevia-a a rimar. “Os outros a fazer os exercícios de gramática e eu muito empenhada a contar as sílabas”.

Quem não esquece este traço de personalidade de Ana Bárbara é o primo, Pedro Pedrosa, de 34 anos. “Tínhamos conflitos devido à teimosia dela quando éramos mais novos. O nosso avô era um homem machista e tinha uma visão da neta diferente da que tinha dos netos e surgiam sempre discussões.” Pedro, que trabalha para uma organização escocesa para o desenvolvimento sustentável, viveu sob o mesmo teto que a prima até ir estudar Astronomia, no Ensino Superior.

Dos tempos em que a distância física entre ambos não existia, recorda com saudade “as brigas habituais, quase de irmãos” e um dia particular de verão no Parque Aquático de Amarante. “Eu tinha seis anos e ela três. Continua a dizer que tentei afogá-la, mas estávamos só a brincar”. Quando se reúnem, falam sobre conterrâneos que já morreram, trocam novidades, recordam o passado. Outras vezes acabam a discutir. Mas riem-se das histórias da família: “Temos um primo que se chama Pedro, mas toda a gente lhe chama Pierre. Outro chama-se Albano e não é o nome dele. Isto é extremamente engraçado, principalmente porque às vezes só descobrimos estas coisas nas certidões de óbito”, avança Pedro Pedrosa.

Apesar de nunca terem nutrido interesse pelas mesmas áreas académicas, têm uma paixão em comum: viajar. Juntos, já estiveram na Escandinávia durante umas semanas e fizeram uma missão de voluntariado, por um mês, na ilha grega de Lesbos. “A nossa visão do mundo é muito semelhante devido à educação que tivemos. Diria que a Ana Bárbara tem um ativismo político mais vincado, enquanto o meu é mais virado para as organizações. Eu nunca fui tão político-partidário”.

Enquanto escrevia a tese de mestrado, a autora estava também a fazer uma pós-graduação em Linguística, por se sentir insatisfeita com os conhecimentos adquiridos no primeiro ciclo de estudos e achar que somente sabia “umas coisinhas”. “Naquela altura, quis sistematizar conhecimentos e consolidá-los. Fiz isso durante o ano em que escrevi a tese do mestrado. Foi um período engraçado. Também tinha três empregos”.

Depois deste ano, mudou-se para o Brasil, onde viveu entre 2014 e 2017, fazendo um doutoramento na Universidade Federal de Santa Catarina. Apesar de ter escolhido o tema da dissertação Escritoras portuguesas e Estado Novo: as obras que a ditadura tentou apagar da vida pública, abraça a ideia de que o Brasil lhe deu muito mais no campo da literatura do que no académico. A título de exemplo, sobre Lisboa, chão sagrado, afirma que não teria conseguido criar “a sensação da humidade do corpo, personagens e modos de ver” se não tivesse estado no outro lado do Oceano Atlântico.

“Há pormenores que marcam a diferença: pôr alguém no Brasil a comer biscoito Globo em vez de bolachas Chipmix”, alerta a também pós-graduada em Economia e Políticas Públicas. “Também usei o português do Brasil sempre que me referia ao cenário do Brasil ou às personagens brasileiras. Pareceu-me uma técnica eficaz para conseguir transportar o leitor para o cenário. O problema da ficção não é ser inventada, é parecer inventada.”

Findo o doutoramento, voltou para Lisboa. “Eu sou mãe dela, mas também amiga incondicional. Às vezes, parece que é minha mãe e esquece-se de que é minha filha”, conta Ju, que, nas conversas telefónicas que mantém com a escritora – habitualmente, ao final do dia –, desabafa, com a mesma convicção de sempre: “Ana Bárbara, seria tão bom se viesses para a minha beira”. Sabe, contudo, que “ela nunca seria feliz em Guimarães, mas é em Lisboa. Portanto, jamais impediria a minha filha de seguir os seus planos”. Esses ainda incluem, a longo prazo, voltar a viver fora do país em busca de um livro.

“Estamos a viver esta coisa completamente nova que é o coronavírus e os livros podem não ter a repercussão que teriam noutro momento. De qualquer modo, acho verdadeiramente que ela é uma escritora muito boa e inovadora”, admite Sandra, que está crente de que Ana Bárbara será “cada vez mais reconhecida porque, de facto, tem tudo para dar”.

“As fronteiras entre o mundo profissional e pessoal são mais esbatidas nos escritores do que naqueles que exercem outra profissão. Quando falo do meu trabalho, ela não vai ter interesse. Tenho eu muito mais interesse no dela. É impossível que quem pegue num livro dela não vá atrás do outro”, afirma Andreia, acrescentando que a amiga “conseguiu fazer uma coisa que muitos não conseguem, isto é, escrever dois livros que não podiam ser mais diferentes”.

Na ótica da jovem, a obra de estreia “foi muito boa para introduzi-la enquanto escritora, pois explorou as relações humanas”, enquanto o último lançamento representa “um enorme atrevimento da parte da Ana Bárbara”, que “tem muito potencial”. Tendo essa máxima em mente, sempre que visita livrarias e constata que Palavra do Senhor está longe do olhar do público, catapulta-o para as primeiras prateleiras das estantes.

Lembrando que “o primeiro livro saiu pouco antes do surgimento do coronavírus e isso afetou a sua repercussão”, Sandra afirma que, sempre que lastima a aparente menor recetividade de Lisboa, chão sagrado entre o grande público em relação ao Palavra do Senhor, recebe como resposta “Estás ressabiada” por gostar mais do primeiro.

“Nos momentos de escrita, pode estar uma ou duas horas a escrever, nunca segue aquele processo em que não toca em mais nada durante x tempo, até porque tem outros trabalhos. Não fica irritada, até fica estimulada”, expõe, revelando que lhe é pedida a opinião sobre trechos dos textos à medida que os mesmos são construídos. “Não só a mim como a outras pessoas. Vai falando sobre determinadas situações e personagens. Vou lendo algumas coisas pequenas e só no fim leio todo o material. Se não compreendo ou não gosto de algo, digo e ela aceita as críticas construtivas”.

“Guardava os textos a sete chaves. Nem era guardá-los, era escondê-los mesmo. Sentia que algumas daquelas coisas eram treino e, portanto, não tinham coesão para serem lidas. Mas também havia a componente de eu sentir que era um lado privado da minha vida”, denota a escritora que se dedicava à poesia na infância. “Não é que os poemas fossem biográficos ou confessionais, mas era uma coisa que fazia sozinha. E aí treinava hipóteses, mas, acima de tudo, podia escrever o que me apetecesse, dentro da ficção, sem ter alguém a questionar a veracidade do que lá estava”.

“Ela ainda esconde os livros quando acha que não estão no ponto. É muito perfecionista”, reforça Andreia, seguindo a mesma linha de pensamento que Ju. “Não quer que eu leia o Lisboa, chão sagrado porque diz que não tem nada a ver com ela. Tenho-o na estante, mas resisto. Ela consegue navegar entre personagens e registos diferentes”, manifesta a mãe.

“Em termos de escrita, aquilo que eu vejo é que tem uma maturidade muito grande. Por exemplo, eu acho que podia ler durante 20 ou 30 anos, escrever, e nunca escreveria como ela. Desde nova, leu muito. De forma quase técnica: queria conhecer a história, a gramática, lia e relia. Tudo isso lhe deu um treino muito maior para a literatura”, exprime Pedro, vendo a prima “quase como uma cientista da literatura”. Isto acontece porque “há procedimentos, passos, técnicas e formas de escrever e ela tem um rigor científico na escrita, na crítica literária e na leitura em geral”.

"O escritor, como acontece com outros artistas, não consegue ter uma relação asséptica com o editor porque expõe uma parte muito íntima. Envolve vulnerabilidade e abertura ao olhar e a intervenção da outra pessoa. Não há o distanciamento que poderíamos ter se estivéssemos a trabalhar com números, por exemplo. O autor vem ter com o editor como gente. Acho que a Ana Bárbara sempre teve muita abertura", explica Bárbara Soares, editora da jovem na Bertrand. "Lembro-me muito bem da primeira reunião que tive com ela. Acompanhei-a à receção do nosso escritório e ela já estava mais descontraída e fez uma daquelas rodadas de piadas em série. E eu tive um momento de choque. Foi aí que vi a verdadeira personalidade dela e pensei «Não vai ser estimulante apenas a nível profissional, como vai ser divertido", conta a profissional. "Quero acrescentar que tenho grandes expectativas para os próximos livros, respeito e admiro muito a forma como ela encara cada novo desafio. Está sempre a tentar aprender e superar-se".

“Ninguém está à espera de que um escultor trabalhe sem limar e na escrita é preciso fazer o mesmo. Acho que muitos escritores têm uma relação de ego com a escrita e não aceitam críticas, talvez porque, socialmente, se impôs a ideia ingénua do ‘talento’ à necessidade pragmática de se trabalhar um texto", conclui Ana Bárbara.