Estava na praia quando me apercebi de um menino que já há algum tempo construía empenhadamente uma enorme ‘piscina’ no vasto areal deixado pela maré baixa. Passou a tarde a investir na sua admirável construção.
Foi aí que me dei conta com maior consciência de uma coisa mais ou menos óbvia: a praia é um verdadeiro paraíso para as crianças.
Quando chegam à praia as crianças podem ser mais elas próprias. Até porque é um sítio de descontração, com menos regras e onde se espera menos etiqueta, ou seja, onde se pode ser mais genuíno. Na praia as crianças podem ser quase livres! Ainda pelo caminho começam a desfazer-se dos empecilhos: descalçam-se, tiram a t-shirt e mal os pais pousam as coisas, correm pelo areal em direção à água. A seguir fazem aquilo para que estão mais viradas.
Podem dar asas à imaginação e construir verdadeiros castelos de areia do tipo mais simples ou mais sofisticado, decorados com conchas e algas ou com muralhas rodeadas de água. Abrem verdadeiras pastelarias cheias de bolos e gelados deliciosos que os pais passam o dia a comer sem ficarem com dores de barriga. Constroem piscinas oceânicas que depois chegam a ter vários pequenos visitantes que não resistem a ali molhar os pés. Constroem campos de futebol com linhas marcadas na areia, com os tradicionais chinelos a fazer de balizas, grandes carros ou barcos que quase andam. Fazem enormes desenhos e escrevem os seus nomes na areia molhada. Ou seja, têm disponíveis os materiais necessários para construir coisas que se veem e que neste caso até podem ser admiradas por quem passa.
Este ano recuperámos as pistas de bolas que construía com a minha família na infância. Ainda me falta alguma técnica para os pequenos fornos de areia que deitavam fumo que o meu pai fazia para nos impressionar.
Podem passear pela praia enquanto apanham conchinhas, pedrinhas e búzios, que são autênticas relíquias que levam para casa, ou ficar que tempos simplesmente num processo relaxante e demorado, feito de forma solene, sobretudo pelos mais novos, de deitar areia pelo moinho, água de um balde para o outro ou encher baldes com areia que depois se deita fora para voltar a encher.
Já na água são livres de nadar ou desbravar as ondas. Também fazem carreirinhos, andam em colchões ou pequenos barcos insufláveis, exploram a vida marinha com óculos próprios ou à beira da água. Tornam-se verdadeiros recoletores apanhando bivalves para a entrada do jantar ou a ajudar o pai na pescaria.
Praticam vários tipos de desporto: jogam à bola, correm, fazem caminhadas, jogam raquetes, fazem o pino e a roda…
E também fazem amizades, brincam com os pais, irmãos e familiares, divertem-se, ensinam e aprendem com os outros.
Se olharmos à nossa volta vemos todas as crianças entretidas e empenhadas a fazer qualquer coisa. E há também uma enorme vantagem: é um sítio menos propício para tecnologias, não só porque se estragam facilmente mas também porque a luz do sol não ajuda a que se veja alguma coisa nos pequenos ecrãs.
Nem sempre as férias com crianças são sinónimo de descanso, muito pelo contrário. Mas sem dúvida que a praia é um sítio privilegiado para nos deixarmos embarcar nas melhores aventuras e divertimentos com os nossos filhos. Este ano a liberdade e o convívio sem regras têm um sabor especial e as crianças bem o merecem!
Boas férias!