Costa anunciou, Marcelo pressionou e DGS teve de ceder

A cronologia de uma novela de 21 dias em que o Presidente da República levou a melhor.

Quarta-feira, 21 de julho. No discurso que abriu o debate do Estado da Nação, no Parlamento, o primeiro-ministro anunciou a meta de vacinar, no período entre 14 de agosto e 19 de setembro, 570 mil crianças entre 12 e 17 anos. “Como previsto, em meados de agosto teremos 73% da população adulta com a vacinação completa. É tempo de alargar a nossa ambição e garantir também a proteção das crianças”, declarou na altura António Costa, acrescentando que aguardava apenas a decisão final da DGS sobre a vacinação desta população.

Sexta-feira, 30 de julho. Após o discurso do primeiro-ministro, a DGS decidiu não recomendar a vacinação a todos os jovens entre os 12 e os 15 anos, justificando que havia efeitos secundários por estudar. Os especialistas consideraram que a vacina apenas devia ser dada a crianças com doenças que agravem os efeitos da covid.

Sábado, 31 de julho. Por esta data, a Região Autónoma da Madeira já tinha anunciado que ia começar a inocular as crianças a partir dos 12 anos na segunda quinzena de setembro, para coincidir com a abertura do ano letivo na região. O secretário Regional da Saúde, Pedro Ramos, explicou que a Madeira ia seguir a recomendação da EMA que, desde maio, permite a imunização dos mais novos com a vacina da Pfizer. A decisão foi depois antecipada e a vacinação desta faixa etária teve início no último sábado de julho.

No mesmo dia, o Presidente da República salientou que as autoridades de saúde não proibiram a vacinação contra a covid-19 para crianças saudáveis, considerando que esse espaço continuava aberto à livre escolha dos pais.

Domingo, 1 de agosto. Depois das declarações de Marcelo, a DGS esclareceu que a vacinação de crianças sem doenças teria de ter prescrição médica, não bastando a vontade dos pais, como tinha defendido o Presidente. Nesse mesmo dia, o chefe de Estado reforçou ser “fundamental” a iniciativa dos pais para a vacinação de menores entre os 12 e os 15 anos, realçando que o processo devia contar com intervenção médica, conforme tinha esclarecido a DGS.

Quinta-feira, 5 de agosto. Marcelo reforçou a sua posição e pediu paciência, fazendo uma comparação com a utilização das máscaras para referir que, no início da pandemia, o próprio andou a “pregar no deserto” sobre utilidade das mesmas. Reiterou ainda que era preciso “deixar correr o tempo” para mostrar que, “aquilo que era bom na Madeira” viesse a ser considerado bom nos Açores e no continente.

Terça-feira, 10 de agosto. A DGS recomenda finalmente a vacinação para todos os jovens maiores de 12 anos sem necessidade de indicação médica.