Messi na hora da despedida: lágrimas de crocodilo?

O coração poderia estar naquele momento em Barcelona mas a cabeça do astro argentino já estava em Paris

Por Judite de Sousa

Jornalista

1.Terão sido genuínas as lágrimas de Lionel Messi? Acredito que sim embora os factos ocorridos em 24 horas possam contradizer esta convicção. Na conferência de imprensa, em Barcelona, na comunicação da despedida, o jogador afirmou lamentar a saída do clube onde esteve vinte anos e confessou que partia sentindo falta do carinho dos adeptos no derradeiro adeus. Naqueles instantes, Messi acrescentou que estava sem clube, ainda. As lágrimas foram reais; as palavras não correspondiam à verdade. O coração poderia estar naquele momento em Barcelona mas a cabeça do astro argentino já estava em Paris. Como se viu no dia seguinte quando Messi e a família entraram num jato privado rumo à capital francesa. 

O star system do futebol movimenta-se em horas, deslocando carreiras e salários milionários num ápice de tempo. 
O futebol faz-se de momentos mágicos. Dentro e fora de campo, geram-se dinâmicas emocionais que estão muitas vezes para além dos resultados desportivos.

 

2.André Ventura foi literalmente apanhado na rede da covid. Ao contrair o vírus, ficou-se a saber que o líder do Chega não estava vacinado. As razões invocadas foram de ordem pessoal.  Ventura é um negacionista. Acolhe as teses dos que colocam em causa a eficácia e segurança das vacinas. Uma posição que está em linha com alguns movimentos de extrema-direita europeus como foi o caso do partido italiano 5 Stelle quando foi liderado pelo comediante Beppe Grillo.

Nos Estados Unidos, também esta linha de pensamento tem maior incidência nas minorias étnicas, hispânica e afro-americana, e judeus ortodoxos. 

É de admitir que muitos negacionistas se revejam na posição pessoal de André Ventura. Não sabemos se existirá um impacto em termos de votos. Veremos.