Juiz anti-confinamento acusa Governo de crimes contra a humanidade

O juiz que esteve em funções no Tribunal de Odemira promete marchar até à Assembleia da República, “onde será depositada uma coroa de flores em sinal de luto pela democracia”.

Três dias depois de ter tido conhecimento de que o Ministério Público (MP) lhe abriu um inquérito por difamação, na sequência de uma queixa apresentada pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o juiz anti-confinamento Rui Fonseca e Castro anunciou a entrega de “uma denúncia criminal contra o senhor Presidente da República, o senhor primeiro-ministro e os demais membros do Governo pelos crimes contra a Humanidade que estão a ser cometidos” à Procuradoria-Geral da República.

Na página do evento, criada no Facebook pela associação Habeas Corpus, o também fundador do movimento Juristas Pela Verdade deixou claro que no dia 25 de agosto, pelas 15h30, marchará, juntamente com quem quiser participar no protesto, descendo a Rua de S. Bento até à Assembleia da República, “onde será depositada uma coroa de flores, em sinal de luto pela democracia em Portugal”. O magistrado, suspenso definitivamente de funções desde o passado mês de março, pede aos eventuais manifestantes que “traga uma camisola de cor preta e uma bandeira de Portugal”.

Recorde-se que o juiz, em funções durante menos de um mês no Tribunal de Odemira, depois de nove anos de licença sem vencimento, começou a incentivar os seguidores ao incumprimento das regras do estado de emergência em vídeos publicados nas redes sociais dos movimentos anteriormente referidos.

Insistência na transmissão de “ideais pedófilos” No entanto, Fonseca e Castro já havia transmitido a sua intenção de levar a cabo este evento. Num vídeo publicado no YouTube, no passado dia 8 de agosto, o juiz conhecido por diversos episódios polémicos, nomeadamente aquele em que assinou um despacho em que obrigava todos os intervenientes numa sala, no decorrer de uma sessão de julgamento, a “prestar declarações com a cara destapada”, explicou que “desde março do ano passado, estamos a viver um ataque sistemático e sem precedentes contra a população civil portuguesa”.

“É certo que existe um vírus, mas trata-se de um vírus patenteado pelas mesmas empresas que desenvolvem as injeções. Há uma putativa pandemia que serviu para sufocar a sociedade, para arruinar a economia, para destruir os pequenos negócios, para fazer dos mais ricos ainda mais ricos e dos pobres cada vez mais pobres e cada vez mais dependentes do Estado, para privar as pessoas de cuidados de saúde, para formatar as crianças de acordo com ideais pedófilos”, defendeu. No final do mês de julho, Fonseca e Castro tinha chamado pedófilo a Ferro Rodrigues, incentivando o presidente da Assembleia da República ao suicídio.

“Diz o senhor Ferro Rodrigues que os portugueses que resistem à injecção da morte devem mudar de atitude. Pois bem, o Senhor Ferro Rodrigues é um pedófilo. O senhor Ferro Rodrigues é um abusador sexual de crianças. Preferencialmente, crianças institucionalizadas, que merecem a proteção do estado, mas entregues à oligarquia nepotista e cleptocrática que dirige este país”, acusou num vídeo igualmente publicado no YouTube e posteriormente divulgado na página Habeas Corpus, no Facebook. No dia seguinte, o antigo secretário-geral do PS informou o CSM de um “vídeo atentatório da sua honra”.

Desta vez, nas imagens veiculadas há exatamente oito dias, Fonseca e Castro – que foi suspenso por posições negacionistas sobre o uso de máscaras e apelo ao incumprimento das medidas de confinamento em pandemia –, elucidou que “vem depois a salvação” com “ a injeção ou as injeções”, sublinhando que “as injeções de óxido de grafeno matam. Se não matarem à primeira, matam à segunda, à terceira ou à quarta porque haverá sempre a necessidade de uma injeção”.

É de realçar que o óxido de grafeno é uma forma oxidada do grafeno, o material mais leve e mais forte – 300 vezes mais forte que o ferro – até hoje conhecido. Este foi isolado em 2004 por uma dupla de cientistas russos a trabalhar na Universidade de Manchester. No dia 23 de julho, a Pfizer garantiu à Reuters que a sua vacina não contém este material e que o mesmo não está presente em qualquer um dos outros fármacos disponibilizados para o combate à doença.

A título de exemplo, a US Food and Drug Administration (FDA) apresenta como lista de substâncias presentes na vacina da Pfizer o RNA mensageiro modificado com nucleosídeo (modRNA) que codifica a glicoproteína de pico viral (S) de SARS-CoV-2, lípidos como colesterol, sais, cloreto de potássio, fosfato de potássio monobásico, cloreto de sódio fosfato de sódio básico desidratado e sacarose. As vacinas Moderna , Janssen, AstraZeneca, CanSino, Sinovac e Sputnik V também não contêm este óxido de acordo com a FDA. 

O grafeno, uma das formas cristalinas do carbono, tem variadas utilizações como a possibilidade de extração de substâncias radioativas das soluções de água, permitindo, por exemplo, purificar água como aquela que foi contaminada pelo acidente nuclear de Fukushima, em 2011. Quando, no início de julho, surgiu uma publicação com frases como “99% de óxido de grafeno na vacina da Pfizer? Cientistas espanhóis obtêm o frasco de Pfizer e descobrem que 98-99% é composto por grafeno”, associadas a um estudo fictício da Universidad de Almería, em Espanha, investigadores como Amesh Adalja, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, adiantaram que a utilização deste material, em vacinas, tem vindo a ser estudada, mas jamais numa quantidade tóxica para o organismo humano

“E, por fim, o certificado digital. O certificado de injetado. A forma do Estado de controlar a população, de controlar o indivíduo, de o tornar cada vez mais dependente do Estado, de discriminar, vender as injeções”, avançou Fonseca e Castro, aludindo ao certificado que comprova que o cidadão foi vacinado contra o novo coronavírus e que tem vindo a ser exigido para entrar em restaurantes e estabelecimentos turísticos.