Vários mortos e feridos após confrontos entre afegãos e talibãs

Confrontos com as forças talibãs acabaram em violência em Jalalabad. Afegãos queriam repor bandeira nacional que tinha sido retirada.

Pelo menos três pessoas morreram na quarta-feira após confrontos entre cidadãos afegãos e talibãs na cidade de Jalalabad, no leste do Afeganistão. De acordo com relatos da população, cita a imprensa internacional, os talibãs terão disparado sobre um grupo de residentes daquela cidade quando estes tentaram retirar a bandeira talibã para a substituir pela bandeira nacional do Afeganistão numa praça. Deste protesto violento resultaram também mais de uma dúzia de feridos. A iniciativa de remoção da bandeira talibã espalhou-se depois para outras localidades, como em Khost e Kunar, onde centenas de manifestantes saíram à rua com bandeiras afegãs. 

Este não foi o único incidente. Junto a um dos portões do aeroporto de Cabul, pelo menos 17 pessoas ficaram feridas num tumulto, quando uma multidão descontrolada tentava invadir estas instalações. O aeroporto da capital afegã tem sido palco de momentos dramáticos, devido à presença de vários cidadãos afegãos que tentam fugir do país após o grupo radical islâmico ter tomado o poder. Para tentar controlar o caos, foi proibido que cidadãos sem passaporte ou visa para viajar se juntem nas imediações do aeroporto.

Entretanto o Presidente afegão, Ashraf Ghani, e a família foram recebidos nos Emirados Árabes Unidos, anunciou na quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros do país. O Governo dos EAU invocou “razões humanitárias” para acolher o Presidente que fugiu de Cabul na iminência da invasão talibã na capital, no domingo.

Na terça-feira, o porta-voz dos fundamentalistas islâmicos, Zabihullah Mujahid, prometeu uma “amnistia geral”, numa tentativa de convencer a população a ficar no país e de acalmar o caos que tomou conta da capital. Apesar da promessa, há relatos de mulheres e crianças com graves ferimentos após serem alegadamente espancadas e chicoteadas em postos de controlo montados a caminho do aeroporto de Cabul. Numa declaração conjunta, divulgada na quarta-feira, a União Europeia, os Estados Unidos, o Brasil e 17 outros países manifestaram-se “profundamente preocupados” com a situação das mulheres no Afeganistão, perante a possível perda de direitos.