O baixo nível político

Pensava eu que já tinha visto tudo a nível interno esta semana quando André Ventura decide sacar de uma das suas famosas frases para ter muito eco. O homem não consegue mesmo conviver com o sucesso. 

Esta semana a política portuguesa desceu mais um degrau na higiene mental. Tudo começou com uma brincadeira tonta do candidato do PSD à autarquia do Seixal, que andou a encenar mudar algumas toponímias consideradas ‘abrilistas’, onde se incluía Camões e tudo. Uma tontice pegada, só para aparecer na comunicação social e nas redes sociais. E diga-se que até é possível que o assunto mereça alguma discussão se for verdade que há várias artérias no Seixal com o mesmo nome, provocando alguma confusão até nos Correios. Mas isso pouco importa para aqui.

No dia seguinte, um vereador do PCP escreveu no Facebook que estava na altura de «ir ao focinho» a essa rapaziada, enquanto o inimputável José Magalhães, denotando algum saudosismo dos tempos do PREC, falou em cacetes e algemas para os autores da brincadeira. A linguagem usada pelos dois caceteiros é altamente reprovável, pois o incentivo à pancadaria é algo lamentável.

Pensava eu que já tinha visto tudo a nível interno esta semana quando André Ventura decide sacar de uma das suas famosas frases para ter muito eco. O homem não consegue mesmo conviver com o sucesso. Primeiro, voltou ao papel de comentador do Benfica, afastando logo uma boa parte de adeptos ferrenhos do Sporting e do FC Porto. Mas isso é apenas uma má jogada política e é lá com ele. O que é com todos nós são as lamentáveis declarações sobre os incendiários. «Ver este país a arder destrói a alma de qualquer um. Um líder deve pensar bem as palavras, mas alguns dos incendiários, em vez de serem tratados como coitadinhos, deviam ser atirados às chamas. Talvez assim se purificassem». Pior é difícil.

Então o católico praticante que se ajoelha na igreja quer que os incendiários sejam mortos nas chamas? Chegámos à Idade Média ou ao Afeganistão? Já vale tudo? Já o disse algumas vezes, Ventura não lida muito bem com o sucesso e quando as sondagens lhe começam a ser ainda mais favoráveis, o líder do Chega sente necessidade de falar como se fosse um troglodita que devia de estar preso – é óbvio que o discurso tem eco nalgumas pessoas que pensam logo nas mortes de 2017…

Com este tipo de alarvidades, Ventura só faz com que potenciais eleitores seus fujam a sete pés. Agora que se aproximam as eleições autárquicas seria simpático que os políticos tivessem o bom senso de não serem pirómanos.

Mas gostava mesmo de saber se Ventura seria capaz de empurrar um incendiário para dentro do fogo… Isto, sim. É perigoso e põe em causa a democracia.

Esta semana várias pessoas me chamaram a atenção para o elevado número de franceses e brasileiros que estão a adquirir casa em Lisboa e arredores – Setúbal já tem quase mil gauleses ‘legalizados’. Quando perguntei se havia uma razão especial para os parisienses e afins terem descoberto Portugal, a resposta foi rápida: «Já não conseguem viver rodeados de medo, em que as mulheres correm alguns riscos quando saem à rua e são insultadas por fundamentalistas muçulmanos. Usar minissaias em alguns bairros é altamente perigoso. Outros há que estão fartos de serem obrigados a sujeitarem-se às leis islâmicas». 

Só não vê quem não quer e nós em Portugal, felizmente, não sofremos desse mal. As comunidades islâmicas estão relativamente bem integradas e não são em número invasivo. É isto que se chama integração, embora a mesma seja mais feita pelo baixo número de imigrantes do que por medidas governamentais. Mas sem entrar por esses caminhos, diga-se que a Europa não pode permitir que os fanáticos muçulmanos nos queiram sujeitar ao que o cristianismo lhes fez em séculos muito distantes.

Para concluir, Portugal tem tudo para ser um sucesso, mas nunca há de sair da cepa torta devido aos políticos que tem.

 

vitor.rainho@sol.pt