Desastre atrás de desastre

Haiti volta a ser assolado por uma catástrofe natural, um sismo que abalou o país no sábado, quando ainda está a recuperar do terramoto que em 2010 fez cerca de 200 mil mortes.

Desastre atrás de desastre

Ainda a recuperar dos danos do terramoto de 2010, o Haiti foi outra vez atingido por uma catástrofe natural, um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter, que abalou o país no sábado e fez pelo menos 2.189 mortos e 12.268 feridos. Não está a ser fácil reconstruir os novos estragos, uma vez que gangues locais controlam as zonas para onde está a ser enviada ajuda internacional.

O alerta foi lançado pelo presidente para a Europa da Fundação Nossos Pequenos Irmãos, Xavier Adsara, que revelou que é necessário ter pessoas locais para interagir com os gangues, grupos paramilitares que controlam áreas como Port-au-Prince, e garantir que a ajuda humanitária possa chegar onde é necessária.

Onze anos e sete meses depois de ter sofrido um terramoto que provocou cerca de 200 mil mortes, volta a ser abalado por este desastre que deixou pelo menos 332 pessoas desaparecidas e cerca de 53 mil casas destruídas, com mais de 77 mil a terem sofrido vários danos.

Apesar de acreditar que os danos e vítimas deste terramoto não chegarão aos níveis de 2010, Adsara afirma que o número de vítimas ainda deve crescer nas próximas horas.

«Achamos que ainda há corpos nas ruínas, porque conseguimos sentir seu cheiro debaixo dos escombros», disse Jean Mary Naissant, uma das autoridades da comuna Cavaillon, próxima de Les Cayes, cidade do sul que foi uma das áreas mais atingidas pelo sismo.

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que decretou o estado de emergência, no sábado, informou que a situação é «dramática» e que o sismo provocou «vários mortos» e «estragos enormes».

«Os nossos corações estão dilacerados. Alguns dos nossos compatriotas ainda estão sob os escombros», disse o primeiro-ministro, apelando a nação se una neste momento de crise. «Os dias que temos em frente serão difíceis e muitas vezes dolorosos».

Crise humanitária, de saúde e política

Apesar de se situar nas paradisíacas ilhas das Caraíbas, a situação que se vive no Haiti é um puro pesadelo.

Além do terramoto, o país ainda foi atingido pela tempestade tropical Grace, que passou esta terça-feira pela costa sul do Haiti, deixando hospitais inundados e regiões sem eletricidade e rede, reportou o Guardian.

Todas estas tragédias atingem o país que estava a ter uma enorme dificuldade a controlar a pandemia da covid-19, tendo, em julho, registado o maior número de mortos. Esta situação deve piorar, até porque a campanha de vacinação teve que ser interrompida, uma vez que profissionais de saúde e equipamentos estão a ser utilizados para tratar das vítimas do sismo.

O Haiti nunca recuperou verdadeiramente do terramoto de há 11 anos. Segundo a CNN, este país, que já era um dos mais pobres do mundo, ficou ainda pior e tem, atualmente, o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano do mundo.

Mas este não é o único fator que complica a já sensível situação. Além da crise humanitária, o Haiti enfrenta também uma crise política, depois do atentando, no início de julho, contra o Presidente Jovenel Moïse, assassinado na sua residência privada por um grupo armado. A primeira-dama, Martine Moïse, baleada e ferida, conseguiu sobreviver depois de ser tratanda num hospital em Miami.