Afeganistão. Reunião urgente do G7 marcada para terça-feira

EUA ordenou uso imediato de 18 aviões comerciais para retirar afegãos. O Pentágono quer acelerar saída antes do fim da retirada militar.

O primeiro-ministro britânico vai convocar para terça-feira uma reunião “urgente” do grupo dos sete países mais ricos do mundo (G7) sobre a situação no Afeganistão. “É vital que a comunidade internacional trabalhe junta para conseguir retiradas seguras, prevenir uma crise humanitária e apoiar o povo afegão para garantir o que foi alcançado nos últimos 20 anos”, disse Boris Johnson no Twitter.

No entanto, o chefe de Governo britânico, responsável pela presidência rotativa do G7, não deu outros detalhes, mas a expectativa é que a reunião seja virtual. 

A operação do Reino Unido para retirar os seus cidadãos e cidadãos afegãos é apoiada por 600 forças britânicas, incluindo paraquedistas da 16.ª Brigada de Assalto Aéreo e um pequeno número de funcionários do Ministério do Interior.
Este anúncio surgiu no mesmo dia em que o Pentágono  ordenou o recurso, com caráter de emergência, a 18 aviões comerciais dos Estados Unidos da América para o transporte de afegãos retirados de Cabul. 

Esta é a resposta americana ao pedido francês que tinha solicitado aos EUA que permitissem e facilitassem a retirada dos cidadãos dos países aliados e de todos os afegãos cujas vidas corram perigo em Cabul, prolongando a operação no aeroporto, com maior coordenação.

Operação difícil

Apesar destes esforços, o chefe da diplomacia europeia já veio afirmar que que é “impossível” fazer sair todos os estrangeiros ocidentais que estão no Afeganistão até final do mês, criticando as medidas de segurança impostas pelos norte-americanos no acesso ao aeroporto.

“É matematicamente impossível”, disse Josep Borrell em entrevista à France-Presse, na qual vincou que “o problema” está no “acesso ao aeroporto [devido às] medidas de controlo e segurança dos americanos”, que “são muito fortes”. E acrescentou: “Nós queixámo-nos, pedimos-lhes que mostrassem mais flexibilidade, porque não conseguimos acesso para as nossas pessoas”.

A delegação da União Europeia em Cabul tem cerca de 400 funcionários afegãos e respetivas famílias, a quem foi prometida ajuda para saírem do país, mas até agora apenas 150 pessoas chegaram a Madrid, o local escolhido para acolher estes funcionários. “Estes são o pessoal ativo, mas o número de afegãos que trabalhou connosco nos últimos 20 anos é muito superior, acrescentou o responsável, explicando que um dos aeroportos está inutilizado.

“Cabul tem dois aeroportos, o aeroporto civil está nas mãos dos talibãs e não tem voos de partida, os americanos controlam o aeroporto militar, e os aviões embarcam as pessoas que estão no asfalto, no avião que chegou hoje a Madrid, um terço dos passageiros era americano”, explicou.

A Europa, apontou, “não tem capacidade militar para ocupar e assegurar o controlo do aeroporto militar, os talibãs vão assumir o controlo” quando os seis mil militares norte-americanos e britânicos deixarem, em 31 de agosto, o aeroporto, avançou, salientando que é preciso falar com os talibãs para conseguir ir buscar as pessoas.

Os talibãs conquistaram a capital do Afeganistão, Cabul, no passado domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO do país.