Banca. Protestos intensificam-se com despedimentos em massa

Em causa está a saída de cerca de três mil trabalhadores do setor financeiro, tal como o Nascer do SOL já tinha avançado em junho.

Os protestos contra os despedimentos no setor financeiro vieram para ficar. E nem a audição entre do Presidente da República com o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB) promete acalmar os ânimos, onde foi defendido que as rescisões estão a ser feitas “carecem de racionalidade económica”, uma vez que, se tratam de “empresas com acionistas estrangeiros, muito lucrativas, que estão a impor despedimentos a trabalhadores portugueses”.

 Uma questão que ganha maior revelo depois de o Santander ter anunciado que irá avançar com um despedimento coletivo, após 350 trabalhadores terem recusado as propostas de rescisões voluntárias ou a passagem à reforma. “De acordo com o apuramento feito até esta data, existem cerca de 350 colaboradores (de entre o número de 685 colaboradores inicialmente previstos incluir no Plano de Reestruturação) que não aceitaram a proposta formulada pelo banco”, diz a instituição financeira liderada por Pedro Castro Almeida.

Também o BCP tem em marcha um processo semelhante. Questionado na apresentação de resultados do primeiro semestre se se o objetivo do banco é a saída de mil trabalhadores, Miguel Maya disse que esse era o objetivo inicial mas que, “depois de ouvidos a Comissão de Trabalhadores e os sindicatos, o objetivo central anda na ordem de 800 trabalhadores”, “mais próximos dos 800 do que dos 900”.

O CEO disse ainda que o banco decidiu não fazer uma adesão voluntária aos programas de rescisões, mas escolher quem quer que saia, pois “não é indiferente de onde se retiram as pessoas”. E acrescentou que o plano é para cumprir “na sua totalidade este ano”, que o banco não está disponível para atrasar o processo.

Tal como o Nascer do SOL avançou em junho estão em causa cerca de três mil despedimentos no setor. 
Uma situação que está a levar os trabalhadores a apresentarem níveis de burnout mais mais elevados face a outros setores de atividade. Esta é uma das conclusões de um estudo levado a cabo pela UGT e os seus três sindicatos do setor –– Mais Sindicato, SBC e SBN – para avaliar os riscos psicossociais no sistema financeiro, avançados este fim de semana pelo Nascer do SOL. “Os trabalhadores do setor bancário encontram-se sujeitos a pressões intensas e particulares, resultantes da natureza da atividade profissional, nomeadamente sobrecarga e pulverização de tarefas, redução de efetivos, instabilidade e incerteza quanto ao futuro profissional, entre outras”, revelou o Mais Sindicato.

Recorde-se que os cinco maiores bancos a operar em Portugal perderam 240 agências e 1474 trabalhadores entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período deste ano, segundo os dados divulgados pelas instituições. No final de junho do ano passado, os bancos contavam em conjunto com 2343 agências, vendo esse número reduzido num ano para 2103. A meio deste ano, o BPI contava com 386 agências, a CGD com 543, o Santander Totta com 368, o Novo Banco com 348 e o BCP com 458. Já em relação ao número de trabalhadores, a redução foi de 1474 pessoas. No final do semestre, em Portugal, a CGD contava com 6515 trabalhadores, o Santander Totta com 5765, o BCP com 6937, o BPI com 4562 e o Novo Banco com 4448.