Uma nova idade de trevas

O islão destruiu o Médio Oriente, invade a Europa, está a desfazer o mundo

Estamos a viver o ódio islâmico, a submissão dos europeus e a  reconquista islamista  da Europa, uma Europa que quer ela própria ser vencida.  Uma nova idade de trevas. «Os romanos, antes da queda do Império, estavam convencidos que no essencial o mundo  continuaria  a ser tal como era. Estavam enganados. E nós, europeus, estamos hoje a incorrer no mesmo erro.» (1)

Num livro fascinante (2), o melhor de longe sobre o tema,  Bernard Lewis explica o eclipse autofágico do Médio Oriente e as suas consequências  civilizacionais, imparáveis na actualidade. O islão destruiu o Médio Oriente, invade a Europa, está a desfazer o mundo.

Esse livro do  grande historiador do mundo árabe  já estava em revisão de provas quando se deram os ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001. Por isso, não os refere. Mas ‘explica-os’ na perfeição: o obscurantismo  que fez  parar no tempo o mundo islâmico, o mal que fez a si próprio culpando os outros, as ideias, atitudes  e acontecimentos que precederam o 11 de Setembro e o desencadearam – que estão hoje, afinal,  a devastar a civilização.

Com a submissão em curso da Europa – e agora a  derrota do império militar norte-americano no Afeganistão  (será o mundo chinês o último reduto?) – o destino  do  mundo parece depender  cada vez mais dum milagre de inteligência e consciência, da revolta e regeneração dos próprios povos do Médio Oriente. É com a  esperança  desse milagre que os salve, e salve a Humanidade, que Bernard Lewis termina o seu livro premonitório. Esperança  que duvido  hoje alimentasse: 

«Se os povos do Médio Oriente continuarem pelo caminho actual, o bombista-suicida pode tornar-se uma metáfora adequada para descrever toda uma região  [a Europa e o mundo, sabemos agora] apanhada sem escapatória num círculo vicioso de ódio e vingança, frustração e autocomiseração, pobreza e opressão, redundando, mais cedo ou mais tarde, num período de dominação pelo exterior; talvez por uma nova Europa recuperando velhos comportamentos, ou por uma Rússia de novo poderosa, ou ainda por uma nova superpotência expansionista vinda do Oriente. Se os muçulmanos souberem pôr de lado as queixas e a autocomiseração obsessivas, se se esforçarem por solucionar os seus diferendos internos e se forem capazes de polarizar os respectivos talentos, podem, mais uma vez, fazer do Médio Oriente, como na Antiguidade e na Idade Média, um ponto importante em termos civilizacionais. Por enquanto, esta ainda é uma escolha que está nas suas mãos.» 

Uma civilização faz-se de uma série de renascimentos. Talvez esta evidência histórica nos permita partir com  uma réstia de esperança e confiança – cuja falta, mais do que as armas ou qualquer outra coisa, é o que  mata as civilizações. 

Deixo-vos com um poema do grande W. B. Yeats:

Tudo se desmorona, o centro já não aguenta; / A pura anarquia anda à solta pelo mundo / A maré tingida de sangue foi libertada, e por toda a parte / A cerimónia da inocência submersa. / Aos melhores falta-lhes convicção, enquanto os piores / Ardem de paixão intensa.

(1) B. Ward-Perkins, La chute de Rome. Fin d´une civilisation, edição francesa da  Flammarion.
(2) What  Went Wrong, a reeditar em breve pela Gradiva com o título O Suicídio do Islão e as suas Consequências na Actualidade.