Já há planos para desativar centros de vacinação em massa

Autarquias já preparam encerramento das estruturas. Task-force admite vacinação em centros de saúde.

Numa altura em que o país se prepara para alcançar a fasquia dos 85% da população vacinada, algumas autarquias já começaram a preparar a desativação dos centros de vacinação em massa, noticiou ontem o Público. Um dos centros de vacinação que se prepara para fechar é o que se encontra instalado no pavilhão Multiusos de Gondomar, disse o presidente da Câmara, Marco Martins. A não ser que haja indicação de que será necessária uma terceira dose, a vacinação deverá passar para os centros de saúde no final de setembro, frisa o autarca.

Já em Almada está agendada uma reunião para esta quarta-feira, com o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, em que se poderá decidir a data em que as vacinas passarão a ser administradas nos centros de saúde.

Em Lisboa, onde estão a funcionar oito centros de vacinação, a autarquia disse apenas que aguarda indicações da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), sendo que, até lá, “os centros continuarão a funcionar”, confirmou fonte do gabinete de Fernando Medina.

Relativamente ao centro de vacinação de Coimbra, a funcionar no multidesportivo Mário Mexia, o assessor de imprensa da autarquia revelou apenas que “no último contacto com a Administração Regional de Saúde do Centro foi pedido à autarquia que o pavilhão ficasse com a missão de vacinação até ao dia 30 de setembro”, mas, “se entenderem que o centro pode ser encerrado mais cedo, assim será”.

Contudo, há autarquias que contam ter os centros abertos durante mais tempo, como acontece em Braga. “No decorrer do mês de setembro, teremos no mínimo a segunda toma das vacinas da população mais jovem, pelo que diria que o centro não deverá encerrar antes de meados de outubro”, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.

No passado domingo, dez dos 38 centros de vacinação da Grande Lisboa estiveram fechados, devido a algumas antecipações para sábado e à concentração de marcações noutros centros, justificou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo à RTP.

Numa visita na terça-feira ao centro de vacinação de São João da Madeira, em Aveiro, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo admitiu que “há planos, mas não há decisões” sobre o encerramento dos centros de vacinação, face ao avanço do processo de inoculação da população e às notícias de que algumas autarquias já prepararam o desmantelamento destes centros. O coordenador da task-force salientou que ainda há uma meta por cumprir. “Ainda temos muita gente para vacinar. O processo tem andado bem. Já estamos com 80% de primeiras doses, 70% a 72% de segundas doses. Temos de ficar no mínimo a 85%. Tenho a certeza que as autarquias e os senhores presidentes de câmara não vão desistir no fim da corrida”, disse em declarações aos jornalistas.

De acordo com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), neste momento, cerca de 6,5 milhões de portugueses, o equivalente a 65% da população, dispõem do certificado digital europeu que começou a ser emitido em 16 de junho.

Não apontando datas para encerramento das estruturas municipais que têm apoiado o processo de vacinação, Gouveia e Melo admitiu que uma eventual terceira dose, a confirmar-se necessária, já deverá ser administrada nos centros de saúde do país. “Fizemos um plano de emergência para vacinar cerca de nove milhões de pessoas. Quando estamos a falar não do reforço geral, estamos a falar de 100 mil pessoas. Não há necessidade de ter toda esta capacidade para vacinar 100 mil pessoas. Isso pode ser feito perfeitamente nos centros de saúde”, explicou.

Em relação à reabertura do centro de vacinação instalado no Queimódromo do Porto “pode já não ser útil”, independentemente do resultado da investigação da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde. Em causa está a suspensão da atividade neste centro no passado dia 12 de agosto, depois de uma alegada falha na cadeia de refrigeração das vacinas.

“Temos que ter a certeza de que, ao reabrir, aquilo tem utilidade. Nesta fase podemos chegar à conclusão de que abrir uma estrutura daquelas no fim do processo pode já não ser útil, sem haver nada de negativo sobre a instalação”, referiu Gouveia e Melo.

A Direção-Geral da Saúde informou na terça-feira que a vacinação ocorrida neste centro, a 9 e 10 de agosto, foi considerada válida, após análise do Infarmed pelo que os utentes não terão de repetir esta vacinação.

*Editado por Sónia Peres Pinto