PS e PSD entram na guerra do número de Câmaras

PS e PSD fazem contas às câmaras em risco ou com potencial de conquista e investem tanto nas capitais de distrito como nos concelhos mais pequenos. Mais do que os votos ou percentuais, o que os preocupa é o número de câmaras.

António Costa está seguro de que as eleições autárquicas de 26 de setembro não deverão correr mal ao PS e prevê que a direita entrará num ‘pântano’ no dia seguinte, com PSD e CDS atolados em crises de liderança e o Chega bem áquem do resultado que André Ventura conseguiu nas presidenciais de Janeiro.

Mas Rui Rio desvaloriza para si próprio as consequências do resultado eleitoral, procurando baixar a fasquia para a recuperação do número de câmaras relativamente as eleições de 2017 – quando o PSD teve uma hecatombe autárquica com o pior resultado de sempre. O que, na altura, valeu a demissão a Passos Coelho, possibilitando a ascensão de Rio à liderança do partido.

Por isso, tal como, aliás, o aparelho socialista, toda a equipa do líder social-democrata está apostada na conquista do maior número de presidências de câmaras e não tanto no número ou percentagem de votos – até porque as leituras destes últimos estarão sempre condicionadas pela existência de coligações (e o PSD e o CDS concorrem em conjunto em quase metade dos concelhos).

O Nascer do SOL apurou que tanto para José Luís Carneiro, do lado do PS, como para José Silvano, do lado do PSD, a estratégia seguida é investir tudo nas câmaras com possibilidade de conquista, independentemente da dimensão populacional ou da localização geográfica. O número de câmaras é o que mais importa.

Assim, se é verdade que há dúvidas em algumas capitais de distrito – a começar pelo Funchal, capital da região autónoma da Madeira – os aparelhos partidários estão tão focados aí como em câmaras teoricamente menos relevantes.

Por exemplo, os socialistas acreditam que podem conquistar Peniche (e já lançam mesmo a hipótese de contar com o apoio do Governo de António Costa para o lançamento de uma marina de recreio), confiam que podem roubar Monchique ao PSD (cujo presidente atingiu o limite de mandatos e concorre agora a Portimão) e beneficiar da divisão do eleitorado de direita em Albufeira entre o presidente social-democrata em exercício, o antigo dinossauro Desidério Alves (que concorre como independente) e ainda o candidato do Chega.

Já o PSD, como aliás prova a volta de Rui Rio nos últimos dias, contra-ataca em Ribeira de Pena, Barcelos ou Tábua – onde o presidente do partido fez questão de estar no lançamento da candidatura de Fernando Tavares Pereira.
Quanto a capitais de distrito, se o PSD conta recuperar o Funchal e Portalegre, também joga com as divisões internas dos socialistas para tentar ganhar Coimbra e Castelo Branco.

Já o PS espera beneficiar com a saída de Álvaro Amaro da Guarda para lançar o ataque à Câmara face às divisões entre os sociais-democratas e acredita que pode reconquistar Évora ao PCP.

Entre o deve e o haver, nas contas dos dois partidos pode verificar-se uma ligeira recuperação do PSD em termos do número de câmaras, acreditando os socialistas que, com o Chega a roubar votos ao PSD e ao PCP em alguns concelhos, a reta final da campanha eleitoral poderá relativizar a recuperação dos sociais-democratas.

Apesar de manter a fasquia demasiado baixa, Rui Rio sabe que na própria noite eleitoral terá as hostes laranjas a desembainharem as espadas e a preparem-se para o embate interno imediatamente seguinte.

E a volta pelo país também serve para o líder mobilizar o aparelho e reunir tropas para esse confronto interno – uma vez que, salvo num cenário improvável de não conquistar nem mais uma câmara do que 2017, Rio irá sempre a jogo no seu partido.

Como também Francisco Rodrigues dos Santos no CDS-PP, com confronto agendado com Nuno Melo, já que a centena e meia de coligações pelo país fora permitirão todas as leituras depois de feito o escrutínio dos votos.