Crimes culturais. Ascenso Simões vai processar Chicão

O deputado pede uma indemnização de 5.000 euros que entregará aos deficientes das FA.

Em fevereiro, num artigo de opinião no Público, Ascenso Simões, deputado do PS, apontou que tal como os florões na Praça do Império, também o Padrão dos Descobrimentos poderia ser destruído. Agora, quer processar o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, por este querer que seja julgado por autoria moral dos crimes contra o património em Portugal.

“Os florões são, como bem demonstra Francisco Bethencourt em História da Expansão Portuguesa, uma invenção tardia semelhante ao mamarracho do Padrão dos Descobrimentos, são a eleição da história privativa que o Estado Novo fabricou, não têm qualquer sentido no tempo de hoje por não serem elemento arquitetónico relevante, por não caberem na construção de uma cidade que se quer inovadora e aberta a todas as sociedades e origens. Mesmo o Padrão, num país respeitável, devia ter sido destruído”, escreveu Ascenso Simões num texto onde constatou que o “Salazarismo não morreu”. Mais tarde, disse que falara simbolicamente sobre a destruição do monumento.

Volvidos seis meses, o deputado afirmou que vai pedir uma indemnização de 5.000 euros e que, caso ganhe a ação, o montante será entregue à associação dos deficientes das Forças Armadas.

“O debate político sobre o nosso passado deve ser feito com elevação e conhecimento histórico. E não pode ser confundido com modas e com disrupção histórica. Falta a Francisco Rodrigues dos Santos cultura e abertura de espírito para ser presidente de um partido fundador da nossa democracia”, disse.

No sábado, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, acusou várias personalidades da esquerda da autoria moral dos crimes contra o património que têm ocorrido em Portugal, apelidando-os de “ignorantes radicais” e pedindo que sejam julgados. O líder centrista frisou que é tempo de julgar os “autores morais deste tipo de atitudes, que estão sentados nos seus gabinetes, nos seus partidos políticos.”

Prosseguindo, deu três exemplos: Ascenso Simões, que “tem incitado à destruição do Padrão dos Descobrimentos”, Mamadou Ba, “pago com dinheiro público em comissões de combate ao racismo quando é dos maiores racistas que temos no nosso país, que diz inclusivamente, metaforicamente falando, que é tempo de matarmos o homem branco” e Joacine Katar Moreira, que “está sentada no Parlamento”, e “lidera estes movimentos anti-Portugal”, declarou.

Recorde-se que, em fevereiro, após a aprovação de um voto de pesar pela morte do tenente-coronel Marcelino da Mata, Ascenso Simões foi um dos três deputados do PS que votaram contra. E o artigo do Público recordava em jeito de pergunta: “Quantos soldados africanos combateram ao lado das tropas portuguesas pela defesa de um império inconcebível? O que fizemos a esses milhares? Como os acompanhamos e lhes garantimos sustento? Portugal quase esqueceu todos eles, mas salvou Mata como normalizou Kaúlza de Arriaga”.