Sintra. Saúde é o palco do debate a que Basílio alegadamente foge

Fala-se de hospitais e de “Curar Sintra”. Acusa-se Basílio Horta de fugir aos debates e acusa-se Baptista Leite de mentir. Tal como em Lisboa, também há quem prometa creches grátis. Assim vai Sintra nas autárquicas.

Sintra é, desde 2013, governada por Basílio Horta. O histórico político que fundou o CDS-PP, migrou, em 2009, para o PS. Em 2013, com o apoio dos socialistas, ‘roubou’ a Câmara ao PSD, que a governava desde 2001. Desde 2013, então, Basílio governa o segundo concelho mais populoso do país – e assim se pretende manter, recandidatando-se agora para o seu último mandato. 

Pela frente, entre outros, destaque para o candidato por uma coligação – teoricamente de direita – que dá quase a volta à cintura do espetro político: PSD-CDS-Aliança-MPT-PDR-PPM-RIR terão o médico e deputado pelo PSD Ricardo Baptista Leite como candidato. 

Mas há mais: o seu candidato à Assembleia Municipal não é propriamente um zé-ninguém. Trata-se de António Capucho, histórico social-democrata que foi ministro no bloco central de Soares e na segunda maioria absoluta de Cavaco. Esta candidatura tem um nome que também não parece inocente: “Vamos Curar Sintra” – isto encabeçado por um médico (que fez o famoso vídeo-covid à porta do hospital de Cascais, dizendo nunca ter assistido a “tantas mortes”) e num concelho que irá, através de um investimento no valor de 72,600 milhões de euros, criar um hospital hiper equipado,
Este hospital – que não receberá um pingo de financiamento da banca – parece ser, aliás, a joia da coroa da candidatura de Basílio nestas autárquicas. Basílio esse que, segundo Baptista Leite, foge a sete pés dos debates para os quais é desafiado, quer decorram na rua, quer via Zoom. Algo que, naturalmente, a candidatura do socialista desmente. Referindo-se a uma publicação em que Baptista Leite acusava Basílio de ter rejeitado um debate consigo na RTP – que nunca esteve para acontecer -, a candidatura do socialista nota que “a forma como Ricardo Batista Leite mente nas redes sociais é já um padrão de comportamento conhecido de todos”, recordando o episódio no hospital de Cascais. Independentemente da hipotética mentira de Baptista Leite quanto ao debate na RTP, a verdade é que este desafiou efetivamente Basílio Horta para um debate – que até hoje não existiu, o que sugere que Basílio esteja mesmo a evitá-lo.

MAIS CRECHES GRÁTIS Porque não só de discussões entre os dois maiores partidos se faz Sintra, nota ainda para os restantes candidatos. Um deles é Paulo Carmona, candidato do Iniciativa Liberal àquela autarquia. Carmona, que é organizador do famoso MEL, tem, entre outras propostas, uma particularmente polémica: creches grátis. Esta levantou poeira por dois sentidos: primeiro, acusaram-no de não ser propriamente “liberal” um liberal estar a oferecer creches grátis; segundo, porque a proposta talvez seja tão pouco liberal que um socialista a copiou (ou inspirou-se). Quem? Fernando Medina, candidato a Lisboa pelo PS. A Sintra, candidatar-se-ão ainda Bruno Goís, pelo Bloco de Esquerda; Nuno Afonso, pelo Chega; Pedro Ventura, pela CDU; Miguel Santos, pelo PAN e Guilherme Leite, pelo Nós Cidadãos. 

Propostas

Descentralizar
Basílio Horta tem como um dos principais objetivos beneficiar Sintra com a descentralização. No Congresso do PS, Basílio desafiou Costa a, logo a seguir a 26 de setembro, “fazer um balanço do resultado da descentralização”.

Metro até Sintra
Ricardo Baptista Leite notou ser “fundamental que o metro da área metropolitana de Lisboa, que termina na Reboleira, se estenda para Sintra”.

Cheque creche
Paulo Carmona, do IL, propõe um “cheque municipal para utilizar em qualquer creche do concelho”. O objetivo é dinamizar a coesão social. Como? “Conceder aos pais de crianças, desde os 4 meses ao pré-escolar (3 anos), um apoio financeiro direto para o pagamento das creches”. Tal “constituirá uma medida de apoio à natalidade, como dará liberdade de escolherem onde colocar os filhos, aumentando a conveniência para os pais e induzindo o aumento 
da oferta e da qualidade”.

Incentivar a mobilidade sustentável
O candidato do PAN, Miguel Santos, quer incentivar a mobilidade sustentável e melhorar a qualidade de vida 
dos animais. No intuito da primeira, pretende “criar um conjunto de eixos cicláveis que permitam uma locomoção suave alternativa que possa (…) constituir uma alternativa suave viável ao domínio atual do automóvel”.

Reforço dos serviços públicos
O Bloco de Esquerda, cuja candidatura é encabeçada por Bruno Góis, defende “um reforço dos serviços públicos municipais para melhorar a qualidade de vida no concelho”. Para tal, propõe, por exemplo, o aumento do “parque habitacional público”.