Gaia. Duas falsas partidas, mas corrida está de pé

António Oliveira, do PSD, e Luís Monteiro, do BE, fizeram uma falsa partida na corrida para Gaia. Já substituídos por quadros da cidade, caberá agora aos seus substitutos e restantes candidatos tentar derrotar um PS que se apresenta sólido.

Gaia é, desde 2013, uma terra solidamente socialista. Nas últimas eleições, o PS conseguiu eleger 9 dos 11 vereadores do executivo. Com 61,6% dos votos, deu uma ‘cabazada’ à coligação de PSD-CDS, que conseguiu convencer apenas 20,3% dos gaienses. 

No início do verão, o concelho esteve na boca de Portugal (e não foi devido ao novo álbum de David Bruno, que tem exportado a alma da cidade para o resto do país). Foi, sim, devido a algo não longe da órbita de interesses do artista: a desistência da candidatura, pelo PSD, de António Oliveira, antigo selecionador nacional de futebol. A razão? Divergências com o seu substituto, Cancela de Moura. O ex-candidato, que havia sido desafiado pessoalmente por Rui Rio, contava que, ao longo de três meses, fora “sujeito a pressões, intimidações e ameaças”.

“Hoje, com vergonha do que vi, com uma imensa dor de alma pelo que senti, tenho que dizer que: não quero, não posso e não aceito continuar a encabeçar esta candidatura”, dizia, à época, notando afastar-se da candidatura por “uma questão de higiene”.

Também à esquerda caíram candidaturas. Foi o caso, ainda em maio, de Luís Monteiro. O deputado do Bloco de Esquerda era candidato por esse partido à autarquia – contudo, desistiu. A razão? Acusações de violência doméstica por parte da sua ex-namorada, Catarina Alves. Embora rejeitando as acusações e notando ser ele a vítima, Luís Monteiro acabaria por desistir da corrida.

“Face ao efeito público das calúnias lançadas contra mim e após ponderação, solicitei à comissão coordenadora concelhia do Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia a minha substituição como cabeça de lista à Câmara Municipal nas próximas eleições autárquicas”, escrevia à época. Em sua substituição, o Bloco optou por um fundador do partido: Renato Soeiro – o engenheiro civil que já havia sido cabeça de lista pelo Bloco nas eleições de 2017.

Já o PS leva ‘à chapa’ o atual presidente da autarquia: Eduardo Vítor Rodrigues – que se recandidata para “cumprir um ciclo”. O professor universitário – que há duas semanas foi acusado de autoplágio na sua tese doutoramento – foi o responsável por ‘roubar’ a autarquia ao PSD e quer, agora, cumprir o seu terceiro e último mandato.

“Se fomos capazes de fazer tudo isto em momento de pré-falência da Câmara ou de pandemia, o que seremos capazes de fazer nos próximos quatro anos?”, dizia na sua apresentação de campanha, em julho.

À Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia concorrerá ainda Alcides Couto, pelo Chega; Orlando Monteiro da Silva pelo IL; Vitor Marques, pela coligação MPT-PDR “Movimento por Gaia”; Diana Ferreira, pela CDU; Ana Poças Ribeiro, pelo LIVRE e Nuno Gomes Oliveira, pelo PAN.