Festivais religiosos na Índia podem acelerar nova vaga de covid-19

Autoridades foram forçadas a aplicar restrições nos festivais religiosos na Índia devido ao aumento de casos de covid-19.

As autoridades da Índia proibiram a realização de grandes festivais religiosos com o objetivo de proteger o país de uma nova onda de casos de covid-19. Esta foi a solução encontrada para evitar a formação de grandes multidões. Estas preocupações surgem numa altura em que as autoridades de saúde indianas alertam que a capital financeira do país, Mumbai, já foi atingida pela terceira vaga de covid-19. “A terceira vaga não está a chegar, já está aqui”, disse o mayor de Mumbai, Kishori Pednekar, na terça-feira, citado pela Al-Jazeera.

“Podemos celebrar os festivais mais tarde”, acrescentou o ministro-chefe do estado de Maharashtra, do qual Mumbai é capital, referindo-se ao festival hindu –  chamado Ganesh Chaturth e que dura 11 dias – que deveria começar na sexta-feira. “Temos que priorizar as vidas e a saúde dos cidadãos.

As autoridades indianas procuram evitar o cenário que aconteceu este ano, depois das celebrações de Kumbh Mela, um dos maiores festivais religiosos do mundo e um dos principais do hinduísmo, que ocorre quatro vezes a cada doze anos na Índia, que atraiu mais de 25 milhões de pessoas e provocou mais de 200 mil mortes devido à covid-19, deixando os hospitais completamente lotados.

Apesar das limitações, enormes multidões têm ocupado os mercados de Maharashtra e de outros estados, ignorando os avisos das autoridades, que limitaram o número de efígies do deus Ganesha, de forma a reduzir a quantidade de devotos que carregam esta estátua, e baniram as procissões do primeiro e último dia do festival.

Mas este não é o único foco ativo, as autoridades alertaram para um novo pico no estado do sul do país, Kerala, que ocorreu depois do festival Onam, festa anual da colheita celebrado neste estado, e que está a fazer soar alarmes.

É esperado que as autoridades declarem novas restrições nas zonas do país que registaram recentemente aumentos de casos, como é o caso de Kerala, mas também vão ser implementadas restrições a deslocamentos e outras atividades em Nagpur, uma das maiores cidades de Maharashtra, e no estado vizinho de Karnataka, onde continuará a ser implementado o toque de recolher noturno, a celebração de Ganesh será proibida nos bairros com maior incidência de casos de coronavírus.

A Índia é o segundo país do mundo com maior número de casos registados, com mais de 33 milhões de infeções e 441.000 mortes por covid-19 até o momento e, no início deste mês, este país voltou a registar o maior aumento diário de casos de covid-19 dos últimos dois meses. Quase 70% dos novos infetados e um terço das mortes foram registados no estado do Kerala.

De forma a lidar com este preocupante aumento de casos, o ministro da Saúde, Mansukh Mandaviya, ordenou que o processo de vacinação nos distritos mais próximos de Kerala acelerassem o processo de vacinação.

Até ao momento, a Índia administrou à sua população de cerca de 1,300 mil milhões de pessoas aproximadamente 662 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, apenas 54% da população recebeu a primeira dose da vacina e só 16% é que apresenta o esquema vacinal completo.

Especialistas acreditam que mais de dois terços da população indiana já possua anticorpos por já ter estado infetada, um indicador que, apesar de positivo, uma vez que, mostra que estas pessoas podem estar mais protegidas do vírus, também revela que o número de infetados pode ser muito maior ao que foi oficialmente declarado pelas autoridades.