Memórias de Balsemão

Não vale a pena dizer-se que não se exerce o Poder por gosto e convicção, mas arrastado por um dever pesado.

por Pedro d'Anunciação

No mesmo dia em que saiu o livro de Memórias de Francisco Balsemão (que ainda não li, mas vou ler), António Costa fez-lhe uma homenagem em S. Bento, pelos 40 anos do seu Governo. Não vale a pena dizer-se que não se exerce o Poder por gosto e convicção, mas arrastado por um dever pesado.

De resto, penso que entre outras coisas que lhe ficamos a dever (como a sua luta pela Democracia e pela liberdade de Imprensa), essa ideia, de que o Poder se exerce sempre por gosto e nunca por pesado dever, ficamos também a dever a ele, como o primeiro e tê-lo dito tão claramente. E não terá sido Marcelo o único a quem se deve uma Oposição ao seu Governo (que o próprio gosta sempre de lembrar), mas a outras pessoas dele próximas, dentro do PSD (de Eurico de Melo a Cavaco, como ele ali lembrará, e de que o segundo ainda recentemente se penitenciou

Marcelo fez bem em ir à homenagem, embora talvez parecesse demais estar lá à séria, de princípio ao ao fim. Porque se lhe opôs realmente. Pela minha parte, considero-o um dos meus formadores como jornalista (a par de Marcelo e de Vicente Jorge Silva, com maior relevo para o último). E poderia contar também inúmeras histórias da época, mas acho que nem vale a pena.