Quando as redes sociais servem para se jogar ao tiro ao alvo!

Uma coisa é certa, hei de gritar até que me doa a voz, contra todo o tipo de mentalidades que culparem a vítima pelo crime de que é alvo!

Ninguém pode tirar conclusões sobre o caso de Ruben Semedo, até porque ainda não foi julgado. No entanto, o que não podemos permitir é que as mulheres em nome de uma suposta perversa e animalesca comédia sejam alvo de uma campanha que diz se tiverem certos corpos são responsáveis por aquilo que lhes acontece. Não sei o que é mais perigoso, se pensar isso apenas para si próprio, ou se partilhar essa mentalidade, com mais 50 mil pessoas, pondo inclusive a fotografia de uma rapariga de onde foram criados perfis falsos. O pensamento deste indivíduo, era que se se uma mulher tivesse feito um aumento dos glúteos, ou qualquer operação plástica, então que raio de violação é que saia dali? Qualquer mulher, que tenha feito isso, é ela a que viola e que não pode ser violada segundo o pensamento deste ‘indivíduo’ que se esconde por trás de uma máscara de ‘comediante’. A pergunta que nos faço, enquanto, seres humanos é, quando é que é demais? Eu acho que este indivíduo cometeu um ato horrendo contra todas as mulheres. Rapidamente os comentários se encheram de monstruosidades piores ou parecidas com aquelas.

E só passadas algumas horas, depois de ter visto que ganhou alguns seguidores mas provavelmente, foram muito mais aqueles que querem o bem do que o mal, retirou o post. «A alegada vítima de violação. Deve ter sido uma luta titânica’. Foram estas as palavras escolhidas pelo comediante Francisco Menezes para acompanhar uma imagem da jovem menor que acusou Rúben Semedo de violação. A publicação, realizada na tarde desta terça-feira, está a gerar uma enorme onda de críticas nas redes sociais.» Depois de mulheres que foram violadas, terem visto aprovado um post, e aprovação de centenas de comentários que a responsabilidade estava nos seus corpos, nas suas escolhas, e não na pessoa que viola!

Como é que o limite da responsabilidade perante um tema tão sensível, vai ao ridículo de ser o próprio a decidir se retira um post ou não consoante o seu sucesso ou a falta dele? Aqui vi, a total falta de humanidade escrita e rescrita dezenas de vezes de um lado, e a humanidade plena que condenava a anterior, a tentar defender o que estava certo.

Num mês extremamente complicado e de emoções ao rubro, vivi nos dois polos mais complicados do ser humano: e uma coisa é certa, hei de gritar até que me doa a voz, contra todo o tipo de mentalidades que culparem a vítima pelo crime de que é alvo! Apesar de não sermos todos adeptos das redes sociais nem do que lá se passa, esta não pode servir como arma, para andarmos aos tiros nas mulheres sem quaisquer consequências!