Défice. Bruxelas deixa alertas

“O apoio orçamental deve ser direcionado e temporário, não produzindo encargos adicionais permanentes para as finanças públicas” afirmou Valdis Dombrovskis.

 O vice-presidente da Comissão Europeia alertou para a necessidade de os países da UE acautelarem, nos orçamentos nacionais para 2022, o regresso das regras para défice e dívida no ano seguinte, após a sua suspensão devido à crise.

“O apoio orçamental deve ser direcionado e temporário, não produzindo encargos adicionais permanentes para as finanças públicas" afirmou Valdis Dombrovskis.

"Embora a resposta da Europa à crise tenha sido bem-sucedida, sabemos que o nível de apoio orçamental aplicado durante a crise não pode durar para sempre e, quando chegar a altura certa, devemos começar a reduzir gradualmente os défices orçamentais e a dívida", reforçou o responsável.

A cláusula de salvaguarda do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) — que suspende temporariamente as regras de disciplina em matérias como o défice e a dívida pública — foi ativada em março de 2020, para permitir aos Estados-membros reagirem rapidamente e adotarem medidas de urgência para mitigar o impacto económico e social sem precedentes da crise da covid-19.

Em junho deste ano, a Comissão Europeia confirmou que as regras de disciplina orçamental inscritas no PEC continuarão temporariamente suspensas em 2022, para permitir aos Estados-membros fazer face aos efeitos da crise da covid-19.

A Comissão considerou que a economia europeia continuará a necessitar de apoios também no próximo ano, prevendo por isso a desativação da cláusula apenas em 2023.

Este fim de semana, durante a reunião do Ecofin em Kranj, na Eslovénia, oito países — Holanda, Áustria, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Letónia, Eslováquia e República Checa — defenderam a aplicação das regras de controlo do défice e da dívida e que, mesmo perante uma revisão, a sustentabilidade orçamental na UE não deve ser colocada em causa.

Numa posição remetida aos restantes países da UE na reunião do Ecofin que decorreu no âmbito da presidência eslovena do Conselho da UE, estes oito Estados-membros manifestaram-se "abertos a discutir melhorias" das regras orçamentais, admitindo "simplificações e adaptações que favoreçam uma aplicação coerente, transparente e melhor das regras".

Porém, "apenas se as novas propostas não comprometerem a sustentabilidade orçamental dos Estados-membros, da zona euro e da UE como um todo", avisaram os oitos países, alguns dos quais considerados como 'frugais'.

"A sustentabilidade orçamental combinada com reformas que apoiam o crescimento económico deve continuar a ser a base do quadro económico e orçamental comum da UE", defenderam os oito países.

Previsto está que a dívida pública na UE passe de 79% do PIB em 2019 para os 94% do PIB no final de 2021 devido à pandemia, querendo estes oito países que a situação seja rapidamente revertida.