Califórnia vai a votos em referendo ao seu governador

Democratas arriscam perder o estado mais rico e populoso, que está nas mãos de um governador criticado.

Os californianos foram às urnas esta terça-feira, numa espécie de referendo para decidir se pretendem manter o democrata Gavin Newsom como governador do seu estado. Na prática, mais de 1,7 milhões de californianos assinaram uma petição para afastar o governador, que se não obtiver mais de 50% dos votos, será trocado pelo candidato a substituto mais votado, por mais baixa que seja a sua votação. Entre os substitutos, o mais bem posicionado é o republicano Larry Elder, um apresentador de rádio que já anunciou que, caso não ganhe, foi porque houve fraude eleitoral, numa lógica semelhante ao líder do seu partido, Donald Trump.

Por mais que a Califórnia seja um estado marcadamente democrata, onde 63,5% votaram em Joe Biden nas últimas presidenciais, o facto da liderança do estado mais rico – se a Califórnia fosse um país independente, seria a quinta maior economia do planeta – e populoso do país estar em jogo é motivo de ansiedade para os democratas. O receio é que a curta margem democrata no Congresso fique em risco, nas eleições intercalares, tendo o próprio Presidente estado na linha da frente da campanha por Newsom.

“Isto não é uma hipérbole”, assegurou Biden, num comício, esta segunda-feira, dirigindo-se aos 22 milhões de eleitores registados no estado. “Os olhos da nação estão na Califórnia. Porque a decisão que estão prestes a tomar não vai apenas ter um impacto enorme na Califórnia, vai reverberar por toda a nação. E, muito francamente, não é brincadeira, por todo o mundo”.

O grande problema dos democratas não é que haja muitos californianos com vontade de eleger um governador republicano, mas sim que os eleitores democratas não gostem o suficiente de Newson.

Este governador, que aplicou algumas das medidas de confinamento mais apertadas no país, caiu em desgraça por organizar um jantar secreto cheio de lobistas, num restaurante francês com estrela Michelin, em dezembro, quando os seus eleitores estavam obrigados a ficar fechados em casa. Depois, quando aumentava a contestação contra o fecho das escolas, decidiu enviar os seus filhos para um colégio que abriu antes das escolas públicas. Pelo meio, 2020 foi o ano com os maiores incêndios na história da Califórnia, sendo Newson acusado de falta de preparação para o desastre.

Enquanto muitos democratas não estão satisfeitos, os republicanos, ainda que minoritários no estado, estão unidos na oposição a Newsom. E trata-se de uma base eleitoral mais galvanizada que nunca, unida contra requisitos como o uso de máscaras ou a vacinação.