Ciberataques, repressão, e a inevitável nova vitória de Putin

Este domingo chegaram ao fim as eleições legislativas russas, que ficaram marcadas pela repressão aos opositores de Putin.

As eleições legislativas russas, que chegaram ao fim no domingo, foram um processo emerso em controvérsias, a mais recente surgiu após a Comissão Eleitoral russa denunciar ciberataques “do estrangeiro” direcionados aos seus recursos durante o segundo dia da votação.

As autoridades eleitorais afirmaram ter sofrido “três ciberataques” organizados “de países estrangeiros”, apesar de não precisarem quais os países que são acusados do ataque.

Dois desses ataques tiveram como alvos os recursos do ‘site’ da comissão e um terceiro tentou sobrecarregá-lo por negação de serviço.

“O ataque foi bastante poderoso”, disse o responsável da Comissão Eleitoral, Alexandre Sokoltchouk, garantindo que estavam “em preparação” novos ataques para domingo, o principal dia da votação.

Mas estas não são as únicas queixas, na sexta-feira, o grupo de apoiantes de Alexei Navalny, um dos principais opositores de Putin, atualmente detido, acusou, os gigantes americanos da internet Google e Apple de “censura” após a remoção de um aplicativo eleitoral móvel, conhecido como “Smart Voting” que tinha como objetivo dar instruções de voto aos russos denunciando os atos dos políticos alinhados com o Kremlin.

Em 2019, esta aplicação permitiu que os candidatos da oposição elegessem 20 dos 45 lugares na assembleia municipal de Moscovo, e nas eleições regionais de 2020 o Rússia Unida perdeu a maioria em três cidades.

O órgão executivo federal russo responsável pela censura dos meios de comunicação, Roskomnadzor, trabalhava há meses para bloquear esta aplicação e,  apesar de repetidas recusas por parte da Google e Apple, foi reportado que estes “gigantes” informáticos” e o Telegram apagaram a aplicação.

 

Vitória inevitável 

Depois de três dias de votações, que começaram na sexta-feira e terminaram no domingo, é esperada uma nova vitória esmagadora do partido Rússia Unida, liderado por Vladimir Putin, uma conquista marcada pela repressão sem precedente aos opositores, nomeadamente a Navalny e aos seus apoiantes.

Os aliados de Navalny foram impedidos de concorrer na sequência de novas e repressivas leis e alguns foram, inclusivamente, detidos (foram registados mais de 400 presos políticos), enquanto outros opositores denunciaram “golpes sujos” para impedir a sua chegada ao poder.

Um político de São Petersburgo denunciou que está a concorrer contra dois candidatos com nomes idênticos para confundir os eleitores.

O partido Rússia Unida domina aproximadamente três quartos do parlamento, um domínio que, no ano passado, permitiu a aprovação de uma reforma constitucional que irá permitir a Putin, de 68 anos, continuar no poder por mais dois mandatos, potencialmente, até 2036.

“Se a Rússia Unida vencer, o nosso país poderá esperar mais cinco anos de pobreza, de repressão, mais cinco anos perdidos”, podia ler-se no blog de Navalny, numa mensagem endereçada aos seus apoiantes, escrita esta semana.